A indústria brasileira conseguiu colocar a cabeça para fora d’água e tomar um fôlego em maio. Depois de três quedas seguidas, o setor surpreendeu e cresceu 0,6% no período, segundo o IBGE. As maiores altas foram no Nordeste, mas até São Paulo, que é o maior parque industrial do país, cresceu 0,5% entre abril e maio. Seria incorreto dizer que esse aumento inesperado foi reflexo do aumento da demanda, ou seja, da volta dos consumidores ao mundo. Não, não foi.
“Na comparação de maio deste ano com igual mês de 2014, a produção industrial paulista recuou 13,7%, um nível de variação negativa somente registrado na crise de 2009. E os sinais de uma crise tão ou mais severa que a de 2009 não vêm somente de São Paulo. Pode-se observar que a crise da atividade industrial em várias outras localidades tem, neste ano, se agravado ou se mantido em patamares negativos elevados”, ressalva o economista Rogério Cesar de Souza em análise para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial – IEDI.
Ponto.
Além de amargar a vida de muitos empresários – micros, pequenos, médios e grandes – o desempenho negativo da indústria está causando muito mais do que amarguras na vida das dezenas de milhares de trabalhadores demitidos entre janeiro e maio deste ano. Quase 100 mil pessoas perderam emprego no setor. Pela estimativa da Federação da Indústria Paulista, esse número vai aumentar muito até o final do ano, provavelmente dobrar.
Ao abrir a planilha com os dados do Cadastro Geral de empregos formais feito pelo Ministério do Trabalho, o Caged, o cenário é ainda mais desalentador. Até maio, quase 244 mil brasileiros ficaram sem trabalho nos oito setores levantados pelo governo. Comércio e construção civil foram responsáveis pelas maiores baixas - respectivamente 108.573 e 159.315 postos fechados. Foram 244 mil famílias que perderam uma fonte de renda e todos os benefícios de um emprego formal.
Para o ministro do Trabalho, Manoel Dias, isso não é “um desastre”, afinal, “Nós (o governo do PT) geramos 23 milhões de empregos. Não são 200 mil, 300 mil (vagas cortadas) que significam que estamos vivendo um desastre”, disse, ao jornal 'O Estado de S.Paulo' ser questionado sobre o pior resultado da geração de vagas desde 2002.
Ministro, gostaria de lhe dizer uma coisa: perder o emprego é um desastre. É um desastre para quem perdeu, para os amigos de quem perdeu, para a família que depende de quem perdeu. É um desastre mesmo para um governo que criou 23 milhões de empregos em 12 anos e depois desse tempo todo conseguiu devolver o país a um ambiente de ineficiência e falta de perspectivas econômica totalmente evitável.
Até o final de 2015, outras tantas milhares de famílias terão perdido uma ou mais fontes de renda. Além de ver a fonte secar, vão lidar com uma inflação beliscando dois dígitos e um crédito caríssimo. Isso também é desastroso.
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