Da coluna Fábio Campos, no O POVO desse domingo (17):
Amestrado, o PT do Ceará está sendo solenemente engolido pelo PSB.
Ou, mais propriamente, pelo grupo político do governador Cid Gomes. Esse
grupo detém hoje o comando do Governo, da Prefeitura de Fortaleza, da
Assembleia e da maioria das prefeituras.
Em nome do projeto de poder nacional que o partido detém há dez anos,
o petismo se comporta como bom e suave menino. Com o objetivo de manter
o apoio do grupo Ferreira Gomes à reeleição de Dilma Rousseff,
presta-lhe todo apoio e evita se colocar como alternativa de poder
local.
Após a derrota em Fortaleza, até esperneou. Chegou a dizer que iria
discutir a relação com os aliados. Colocá-la em novos patamares. Da boca
pra fora. No fim das contas, sem nenhuma ponderação, a sigla se reuniu
para reiterar o irrestrito e incondicional apoio ao PSB.
O PT manteve suas boquinhas no Governo do Estado. Manteve também
intocados os secretários filiados ao partido. Um grupo que, até o menos
informado filiado sabe, não deve mais obediência aos ditames da sigla.
Hoje, estes são muito mais cidistas do que petistas.
Mas, e se o projeto nacional da família Ferreira Gomes for obrigado
pelas circunstâncias políticas a migrar para, por exemplo, uma possível
candidatura de Eduardo Campos em 2014, como ficará o PT do Ceará?
Cid e Ciro Gomes têm reafirmado o desejo de apoiar a reeleição de
Dilma. É fato. Mas, a pergunta se mantém: e se o PSB tiver candidato
próprio a presidente contra Dilma? Pois é. Se isso acontecer, as novas
circunstâncias impõem um reposicionamento.
Bom, a lógica e a racionalidade política dizem o seguinte: caso PSB
tenha candidato próprio a presidente o PT local terá que romper com o
Governo de Cid Gomes, formar uma nova aliança e montar um palanque para
Dilma no Ceará.
Pelo comportamento domesticado, o petismo parece não perceber que a
situação acima está a caminho. Atentem para uma declaração do líder do
PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), deputado bastante próximo de
Eduardo Campos: “Nosso partido vê com total entusiasmo a possibilidade
de ele ser candidato”.
Mais: “Há um certo esgotamento dessa dicotomia tucano-petista. Já são
20 anos. Temos no Eduardo uma liderança testada, aprovada. É bom
gestor, é político e é jovem. Não podemos perder essa oportunidade”.
No Ceará, esse novo PSB já mostrou o quanto é pragmático quando
necessário. Tasso Jereissati que o diga. É bom que o petismo cearense
coloque suas velhas barbas de molho. Enfraquecer-se e se entregar
candidamente diante de um potencial adversário não é o caminho mais
inteligente."
Fonte: Erico Firmo,O Povo Ce
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