Pular para o conteúdo principal

ESSA É A PARTE RUIM: Mudança em exames diminui decoreba, mas é preciso memorizar

"Cada vez mais, os vestibulares cobram interpretação de texto e raciocínio lógico -regra que também vale para o Enem. Mas memorizar alguns conteúdos ainda é necessário e inclusive faz parte do aprendizado, afirmam coordenadores de cursinho ouvidos pela Folha.

"A memorização não foi eliminada dos vestibulares nos últimos dez anos. Ela só não é mais a prioridade. Nenhuma prova vai cobrar decoreba em si, como o nome de um rio", diz Alessandra Venturi, coordenadora do Cursinho da Poli.

Os nomes de um rio ou de uma capital, por exemplo, estarão dentro de um contexto maior, relacionados a duas ou três disciplinas, afirma a diretora do Cursinho do XI de Agosto, Augusta Aparecida.

"A melhor forma de se preparar para o vestibular é ler e estudar muito. Dessa maneira, o aluno memoriza os conteúdos por repetição", ressalta.

Quanto mais estuda, mais o candidato assimila informação e a relaciona com outros assuntos. Assim se dá o processo de aprendizagem, afirma o diretor do cursinho COC em São Paulo, William Saito.

"A memorização faz parte do dia a dia, faz parte de exercitar e armazenar os conteúdos", diz o diretor. Sem esse "armazenamento", completa Saito, fica difícil entender o que está sendo pedido em questões interdisciplinares, por exemplo.

Alguns vestibulares, como a Unesp e Unicamp, fornecem a tabela periódica e a maioria das fórmulas e equações para os estudantes. "A universidade quer o aluno crítico, que raciocine e saiba tirar suas próprias conclusões sobre os assuntos da atualidade. Memorizar é importante, mas o que conta é entender", afirma Leandro Tessler, coordenador-executivo da Comvest (comissão que organiza o vestibular da Unicamp).

Nem o Enem

Apesar de o ministro da Educação Fernando Haddad afirmar que o novo Enem não vai exigir que se decore fórmulas, nem essa prova vai deixar de cobrar um pouco de memorização, ponderam coordenadores de cursinho.

O aluno pode esperar o mesmo nível de cobrança de uma Fuvest ou Unesp. "Em termos de conteúdo, o programa do novo Enem está muito similar a vestibulares já consagrados", afirma Alberto Francisco do Nascimento, diretor do Anglo.

Professora da USP e especialista em ensino superior, Eunice Ribeiro Durham é cética com relação ao novo Enem.

"Criam-se vários jargões, como "análise de competências", "interdisciplinaridade", mas no fundo os bons vestibulares, o Enem incluído, não podem deixar de cobrar conteúdo ou vão acabar não selecionando bem os alunos", diz ela.

"Decoreba é um termo negativo, e muita gente confunde isso com cobrança de conteúdo. Não é errado cobrar conteúdo."

Ao contrário de Durham, Leandro Tessler está otimista quanto ao novo formato do exame. "O novo Enem chega para mostrar que é possível ensinar com raciocínio lógico e para enterrar de vez a "decoreba em si" dos vestibulares", diz.

Ele avalia que muitos exames de federais que serão substituídos ainda funcionam por decoreba. "Se mudar isso e o currículo do ensino médio, é muito positivo", afirma.

Como vai ficar?

Até agora ninguém sabe exatamente como ficarão os vestibulares e o novo Enem, avalia a professora Durham.

"Há promessas de simulados, mas até agora não apareceu nada, então gera uma grande ansiedade nos estudantes. Não se brinca com o vestibular", afirma ela, referindo-se às mudanças na Fuvest.

Decorar o conteúdo de algumas aulas é o que preocupa o estudante Giovanni Barrachi, 18, que está prestando engenharia mecânica na USP pela segunda vez.

"Uso frases e músicas para gravar principalmente matéria de química e física. Acho que memorizar ainda faz diferença", diz ele. Barranchi estuda até seis horas por dia fora do horário de aula no Etapa.

Banheiro

Desenhar mapas da China, colar cartazes com equações no quarto, deixar post-its com recadinhos pela casa. Vale tudo isso na luta por uma vaga no vestibular, até apelar para o banheiro na hora dos estudos.

"Eu preencho fichas com fórmulas de exatas e prego pelas paredes, inclusive no banheiro. É uma forma de estudar, acho que me concentro quando escrevo", conta Daphne Andrade, 18, candidata a uma vaga em veterinária na USP.

"A gente é obrigado a decorar algumas coisas, não tem jeito. Essa é a maneira como eu me saio bem", diz a aluna.

Augusta Pereira, coordenadora do Cursinho do XI de Agosto, concorda. "A forma de estudar varia de aluno para aluno. Cada um deve procurar o que funciona melhor para si", diz ela.
Fazer mapas é um dos meios que Bruno Martins, 18, encontrou para estudar. Ele está tentando uma vaga em economia na Unicamp.

Sua última empreitada cartográfica foi o Oriente Médio. "Desenho as fronteiras, faço a parte do relevo, coloco dados do países. Isso me faz ver melhor as coisas."
Fonte: Folha on line
VAMOS NÓS: A permanência do decoreba nos vestibulares limita e muito o processo de aprendizagem eficaz, uma vez que restringe o entendimento e a criatividade. Estuda-se para passar nas provas e todas aquelas informações se diluem com o tempo. Matéria e mais matéria, todavia o aluno não desperta para um senso crítico, uma imaginação fértil e producente. Esse é o preço de um modelo educacional cartesiano. Ainda temos muito o que fazer. A mudança no ENEM é apenas o primeiro passo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A história do lápis, POR paulo coelho

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou: - Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim? A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto: - Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse. O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.   - Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida! - Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.   “Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade”. “Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o ...

UM EXEMPLO A SER SEGUIDO: Filha de cobrador de ônibus que ir para HARVARD

"Mais do que 30 medalhas conquistadas em olimpíadas de física, química, informática, matemática, astronomia, robótica e linguística no mundo todo, a estudante Tábata Cláudia Amaral de Pontes, de 17 anos, moradora de São Paulo, guarda lembranças, contatos, culturas e histórias dos amigos estrangeiros que fez por onde passou. Bolsista do Etapa,Tábata que é filha de uma vendedora de flores e um cobrador de ônibus conclui em 2011 o terceiro ano do ensino médio e encerra a vida de "atleta." O próximo desafio é ingressar na universidade. A jovem quer estudar astrofísica e ciências sociais na Harvard University, nos EUA, ou em outra instituição de ensino superior americana. Está participando de oito processos seletivos para conseguir bolsa de estudos. "Com ciência é possível descobrir o mundo. Eu me sinto descobrindo o mundo e fico encantada com o céu" Tábata Amaral, estudante Também vai prestar física na Fuvest, medicina na Universidade Estadual de Campinas (Un...

Felicidade é sentir-se pleno

Não permita que a irritação e o mau humor do outro contaminem sua vida. Não permita que a mágoa alimentada e as reações de orgulho do outro definam a sua forma de reação.  Se alimente de um amor pleno a tal ponto que não seja contaminado por aquilo que lhe é externo. Não gere expectativas que a sua felicidade dependerá de alguém ou de alguma coisa, ou de alguma conquista. Não  transfira ao outro ou a uma circunstância aquilo que é sua tarefa. A felicidade é  um estado interior que se alcança quando se descobre a plenitude com aquilo que nos relaciona com o "todo", com o universo, com Deus. A felicidade está na descoberta da sua missão, do fazer humano em benefício do próximo, da tarefa inarredável de tornarmos este mundo melhor com a nossa presença. Ser feliz é uma atitude, uma ação, um movimento para o bem. É encher-se de  amor pela aventura da vida, é construir esperança no meio do caos, é sempre ter um sorriso aberto para o que destino nos apresenta. Felicidade é ...