Alguns livros são fundamentais para entender o Brasil. Vou começar pelos escritos mais recentes. Em outra oportunidade comentarei os clássicos. Li e indico o livro do sociólogo Darcy Ribeiro intitulado "O POVO BRASILEIRO". Trata-se de uma leitua imperdível. Nele depuramos o retrato do Brasil e dos brasileiros.
O autor começa por analisar as matrizes étnicas e o enfrentamento do mundo no contexto do processo civilizatório. Avança para o tema da gestão étnica, analisando fenômenos sociais como o cunhadismo, a desindianização e o estoque negro. Em seguida traça um painel do nosso processo sociocultural, dando ênfase a urbanização e a segregação do homem de cor. E por fim, relata com uma verve crítica os Brasis na história, começando pelo crioulo, passando pelo cabloco, sertanejo, caipira e sulino.
A obra e genialíssima. Sua leitura é gostosa. Destaca-se, principlamente, o último capítulo em que o autor fala sobre o Destino nacional. Nesse contexto afirma que as causas do descompasso brasileiro é o modo de ordenação da nossa sociedade, estruturada contra os interesses da população. Segundo ele, não há e nem nunca houve aqui um povo livre, regendo seu destino. O que houve e o que há é uma massa de trabalhadores explorada, humilhada, ofendida por uma minoria dominante, espantosamente eficaz na formulação e manutenção de seu próprio projeto de prosperidade, sempre pronta a esmagar qualquer ameaça de reforma da ordem social vigente. Seu relato nunca teve tão atual. Confira o livro!!!
Darcy é, de fato, sensacional, muito embora eu não seja lá um devoto da abordagem excessivamente marxista, que tende sempre a ver o revés de uns como exploração predatório por parte de outros.
ResponderExcluirDiscordâncias à parte, acredito que o problema-chave para o entendimento dos males de nossa sociedade é o fato de nossa consciência como nação ser posterior ao Estado.
Somos, antes de tudo, o Estado, paternalista-assistencial de um lado, Leviatã-punitivo de outro. Ou seja, "terceirizamos" a solução de nossos problemas, o que gerou uma sociedade civil atomizada, sem força, inerte, dependente do Estado, que é o supremo.
Esquecemo-nos de lição do grande Rousseau: soberano é o povo, não o Estado. Este é nossa ficção, ao passo que nós somos a própria existência real.