Pular para o conteúdo principal

DILMA X LULA, Por Merval Pereira


A presidente Dilma está pagando para ver com a decisão de não fazer a reforma ministerial que a parte mais forte do PT, com o ex-presidente Lula à frente, está exigindo nos bastidores. Tirar Aloizio Mercadante do Gabinete Civil e Pepe Vargas da articulação política é o sonho de consumo desse grupo, para incluir o PMDB no núcleo duro de poder.
Mas nem Dilma nem o PMDB querem, por motivos diferentes. A presidente aparentemente se sente mais segura tendo Mercadante a seu lado do que Jacques Wagner, que seria o substituto ideal para Lula. Parece que a ela bastaram os quatro anos em que teve em sua cola Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência, um homem de Lula no Palácio do Planalto.
E o PMDB neste momento se sente obrigado a anunciar que não quer o ministério da Educação, depois de Cid Gomes ter dito com todas as letras que o motivo do desentendimento com o partido era a divisão de cargos, e não um sentimento de repulsa pretextado pela Câmara.
Para mostrar ainda mais seu despreendimento, o PMDB, pasmem, passou a defender a redução dos ministérios, de 39 para 20. Como Dilma disse que vai escolher o substituto de Cid Gomes fora dos partidos, temos então no meio da crise duas decisões corretas por motivações tortuosas.
A redução dos ministérios seria uma decisão de ampla repercussão positiva para o governo, pois não apenas estaria reduzindo seus gastos como tornando a máquina governamental mais ligeira, sem tantos compromissos partidários.
E se a escolha do ministro da Educação da “pátria educadora” for feita em bases técnicas, e não partidárias, estaríamos vendo pela primeira vez na formação desse ministério uma escolha voltada para um projeto de Estado, e não uma ação entre partidos aliados onde cada um tem direito a seu quinhão.
É bom lembrar que a escolha de Cid Gomes foi feita quase à sua revelia, que resistiu muito em aceitar a tarefa. Não havia nenhuma motivação razoável para colocá-lo onde estava, e parece que a Educação foi a pasta que sobrou para gratificar um aliado de primeira hora.
O paradoxo ficou maior ainda quando a presidente Dilma anunciou em seu discurso de posse um segredo que guardara de todos durante a campanha: o slogan de seu governo seria “pátria educadora”. Imagino que o próprio Cid Gomes tenha ficado assustado com tamanha responsabilidade, sem verbas e sem projetos, e a partir daí tenha procurado um jeito de abrir mão desse abacaxi, ainda mais quando o governo começou a se desmanchar.
Não acredito que tenha sido premeditada a declaração sobre a existência de 300 ou 400 achacadores na Câmara. Como seu irmão Ciro, o ex-ministro da Educação tem a língua solta e fala o que pensa, sem prestar atenção ao estrago político que possa causar.
Aliás, Ciro Gomes, indagado por um jornalista o que seu irmão deveria fazer quando fosse ao Congresso, receitou: “Repetir tudo o que disse e sair de lá com a cabeça levantada”. Retrucado pelo repórter sobre se essa atitude não prejudicaria a relação da presidente Dilma com o Congresso, deu de ombros: “Não sei, nem me importa”.
Foi o que o irmão mais velho fez, no mais puro estilo da família Gomes, que agora se qualifica para surgir como exemplo dos que enfrentam o Congresso de “achacadores”. Provavelmente o arroubo do ex-ministro acabou lhe dando a chance de deixar o barco governista em situação favorável perante a opinião pública.
Mantidas as posições, quem fica nas mãos do PMDB é a presidente Dilma, que se distancia de seu mentor Lula e da parte mais ativa do PT, sem poder se livrar do peso do petrolão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A história do lápis, POR paulo coelho

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou: - Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim? A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto: - Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse. O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.   - Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida! - Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.   “Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade”. “Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o ...

Felicidade é sentir-se pleno

Não permita que a irritação e o mau humor do outro contaminem sua vida. Não permita que a mágoa alimentada e as reações de orgulho do outro definam a sua forma de reação.  Se alimente de um amor pleno a tal ponto que não seja contaminado por aquilo que lhe é externo. Não gere expectativas que a sua felicidade dependerá de alguém ou de alguma coisa, ou de alguma conquista. Não  transfira ao outro ou a uma circunstância aquilo que é sua tarefa. A felicidade é  um estado interior que se alcança quando se descobre a plenitude com aquilo que nos relaciona com o "todo", com o universo, com Deus. A felicidade está na descoberta da sua missão, do fazer humano em benefício do próximo, da tarefa inarredável de tornarmos este mundo melhor com a nossa presença. Ser feliz é uma atitude, uma ação, um movimento para o bem. É encher-se de  amor pela aventura da vida, é construir esperança no meio do caos, é sempre ter um sorriso aberto para o que destino nos apresenta. Felicidade é ...

NOSSA RECONHECIMENTO AO DR. FERNANDO TELES DE PAULA LIMA

Não tenho dúvidas de que a magistratura cearense tem em seus  quadros  grandes juízes, mas destaco o Dr. Fernando Teles de Paula Lima como um dos maiores expoentes dessa nova safra. Durante os dez anos de atuação na Comarca de Massapê nunca se ouviu falar de qualquer ato que desabonasse sua conduta. Ao contrário, sempre desempenhou sua árdua missão com a mais absoluta lisura e seriedade. Fato inclusive comprovado pela aprovação de seu trabalho junto à população de Massapê. Ainda hoje me deparo constantemente com muitos populares que  lamentam sua ausência e afirmam que a sua atuação como Juiz neste município garantiu a tranquilidade e a paz da população. Sem dúvida a passagem do Dr. Fernando Teles na Comarca de Massapê marcou a história do judiciário deste município. Tive a satisfação de com ele conviver nesses dez anos. Aprendi bastante. Fui testemunha de um homem sério que tratava a todos da mesma maneira, não se importando com a origem social ou  a condição econô...