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A TERRA ESTÁ MORRENDO!!!!!



"Caro leitor, se um pesquisador o abordasse perguntando qual a sua prioridade, neste instante, honestamente, você responderia que são as mudanças climáticas? Falo por mim: dificilmente esta seria minha resposta. A menos que, no momento da pergunta, eu estivesse vivendo alguma situação que me lembrasse o problema, eu elencaria outras questões. E a minha resposta acabaria por endossar, de maneira equivocada, a pesquisa que o diretor do Copenhagen Consensus, Bjorn Lomborg, mostrou nesta terça-feira (23), dia da Conferência do Clima em Nova York, num artigo do jornal “China Daily”. O objetivo do artigo foi ilustrar sua teoria de que a questão climática não deve ser prioridade.
“Num mundo onde 4 milhões de pessoas morrem por ano porque não têm acesso à energia e no qual a pobreza, falta de água, doenças infecto contagiosas, educação sem qualidade e pouca comida afligem bilhões de pessoas, não se pode dizer que o clima deve ser nossa prioridade maior”, escreveu ele, aludindo à pesquisa encomendada pela ONU que mostra que as pessoas têm mais interesse em educação e põem as questões climáticas em último lugar em suas prioridades. Mas, como já demonstrei, este estudo carece de exatidão.
A questão é que, sim, Lomborg está certo quando diz que precisamos priorizar as privações humanas que há tempos batem à porta e exigem soluções. O engano talvez seja não perceber que muitos desses problemas são consequências dos eventos climáticos.
A morte de uma das principais nascentes do Rio São Francisco já é um fenômeno ligado à falta de chuva, sintoma das mudanças climáticas, e está deixando um lastro bem negativo. Os desabrigados da última grande enchente da Região Serrana ainda sofrem na pele o resultado dos desmandos da administração, que parece não ter se dado conta de que a tragédia pode se repetir. São apenas dois exemplos, bem próximos de nós, do impacto do aquecimento global na população.
No fim das contas, por mais disparatadas que pareçam, as opiniões contrastantes devem ser abrigadas, é um bom exercício de democracia. Assim como as marchas, protestos, manifestações populares – desde que sejam pacíficas e sirvam para pôr um tema na agenda dos políticos, não só para dar visibilidade a ativistas.
Leonardo DiCaprio discursa na Conferência do Clima em Nova York_corte 690
Dessa forma, esta terça foi o dia de a humanidade ser lembrada, mais uma vez, num ruidoso evento, de que é preciso mudar muita coisa para que o planeta não aqueça mais do que já está aquecendo, e para que o resultado disso não seja mais catastrófico do que já está sendo para muitos. Leonardo DiCaprio, ator engajado na causa, fez um discurso aos líderes que me lembrou o da menina Severn Suzuki na Rio-92. Ambos clamaram por iniciativas urgentes. DiCaprio disse: “Vocês podem fazer história... ou serão vilipendiados por ela”.
A presença de celebridades atrai mais atenção e, talvez por isso, parece que a Convenção ganhou mais visibilidade do que os participantes esperavam. Mandei um e-mail para o professor Emilio La Rovere, titular do Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente da Coppe/UFRJ, que está em Nova York acompanhando a reunião. Ele me respondeu dizendo que o grande ganho do encontro foi justamente ter tirado a discussão sobre o clima da esfera dos ministros de meio ambiente e a alçado o nível dos chefes de estado. Houve alguns reveses, como a ausência do presidente da China, Xi Jinping, e a má vontade de alguns delegados de países que se sentiram atropelados. Mas, no geral, há resultado político, aposta ele.
Pedi que fizesse um resumo do que ele considerou mais importante no encontro e reproduzo aqui sua resposta:
“Ban Ki-Moon (o secretário da ONU) tentou dar um impulso para uma maior ambição nas negociações da Convenção do Clima, com algum resultado político. O objetivo de cortar o desmatamento não foi bem negociado, deixando o Brasil (país mais importante nesse tema) de fora, por terem mandado um texto pronto, só para aprovação [o Brasil acabou não assinando o documento]. É lógico que o governo brasileiro quer desmatamento ilegal zero, mas não pode se comprometer em impedir desmatamentos permitidos por lei através do novo Código Florestal, recentemente aprovado. Os pronunciamentos dos presidentes não trouxeram novidades, mas foi importante, mais uma vez, a presença dos prefeitos (C-40 – grupo das grandes cidades para liderança climática –, agora sob a presidência do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que está se tornando protagonista nesse campo), como na Rio+20. Foi  importante também a manifestação de vários grupos financeiros privados, falando de disponibilizar grandes quantias de recursos financeiros. Mas não está claro como isso tudo será operacionalizado. Pelo menos há boa vontade de formar parcerias público-privadas para alavancar o Green Climate Fund que está sendo discutido na Convenção”.
Na editoria de meio ambiente do site do jornal britânico “The Guardian”, que cobriu o evento minuto a minuto, nesta terça havia um resumo das promessas feitas pelos líderes dos países presentes na Convenção. De fato há cifras bem interessantes para o Green Climate Fund: a Noruega pretende contribuir com US$ 500 milhões; a Suíça com US$100 milhões; a União Europeia fala em destinar 14 bilhões de euros nos próximos 7 anos, e o Reino Unido põe no bolo 4 bilhões de libras, enquanto a França promete US$ 1 bilhão e até a Estonia diz que vai destinar 3 milhões de euros.
Quanto às iniciativas que pretendem tomar para baixar as emissões de carbono, estas vão de investimento em fontes mais limpas, como eólica e solar, ao fim do uso de combustíveis fósseis – promessa ousada feita pela Islândia.
Quanto ao Brasil, um dos deveres de casa levados à Convenção foi de apresentar, no ano que vem, em Paris, quando haverá a Conferência das Partes (COP-21), um Plano Nacional de Adaptação Climática. Vale lembrar que já existe, desde 2008, o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, cuja principal meta é reduzir em 80% o desmatamento anual da Amazônia até 2020.
Editor e analista econômico do jornal “Financial Times”, o jornalista Martin Wolf faz nesta quarta-feira (24), na coluna reeditada pelo “Valor Econômico”, uma análise sobre o debate que envolve as mudanças climáticas e cita o relatório da Comissão Mundial sobre Economia e Clima lançado nesta terça na Convenção e semana passada em diferentes cidades mundo afora. O relatório é encabeçado pelo presidente do México, Felipe Calderón.
Segundo Wolf, há cinco pontos fundamentais no documento. Primeiro, a natureza da infraestrutura que construirmos nos próximos 15 anos vai determinar as chances de manter o aquecimento em 2°C; segundo, a civilização precisa mudar agora, já, muitos de seus comportamentos; terceiro, os investimentos em infraestrutura visando a uma economia de baixa emissão vão mudar a forma do desenvolvimento urbano; quarto, se tudo isso for feito, em 2030 teremos menos da metade das emissões; e, por fim, o custo econômico disso será menor do que os benefícios.
De qualquer forma, segundo o jornalista, o mundo dos negócios vai precisar colaborar, e muito. “É possível combinar crescimento com um futuro menos arriscado ambientalmente”, diz ele.
É o mantra que vem sendo repetido à exaustão, só não ouve quem não quer. Ou por ter ouvidos pequenos, ou por pensar em lucros imediatos."
*Imagem: Ator Leonardo DiCaprio discursa na Conferência do Clima de Nova York nesta terça-feira (23). (Foto: Timothy A. Clary/AFP)Fonte: Blog do |Noblat/ Por Amélia Gonzalez

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