"Várias pessoas me pediram para comentar a recente defesa da riqueza herdada feita por Greg Mankiw no New York Times. É um artigo estranho, estranhamente desconectado das preocupações reais sobre o capitalismo patrimonial. Mas deixem-me enfocar dois problemas-chave na análise de Mankiw, um puramente econômico, outro envolvendo a economia política.
Várias pessoas me pediram para comentar a recente defesa da riqueza herdada feita por Greg Mankiw no New York Times. É um artigo estranho, estranhamente desconectado das preocupações reais sobre o capitalismo patrimonial. Mas deixem-me enfocar dois problemas-chave na análise de Mankiw, um puramente econômico, outro envolvendo a economia política.
"Ele afirma que o acúmulo de riqueza dinástica é bom para todo mundo, porque aumenta o estoque de capital e, portanto, se transfere aos poucos para os trabalhadores na forma de maiores salários. Este é um bom argumento?
Bem, se há uma coisa que eu pensei que os economistas fossem treinados para fazer é serem claros sobre o custo de oportunidade. Deveríamos comparar o acúmulo de riqueza dinástica com algum uso de recursos alternativo, e não assumir, como Mankiw realmente faz, que, se não for transmitida para herdeiros, essa riqueza simplesmente desaparecerá. Talvez ele esteja supondo que a alternativa seria uma vida desregrada das pessoas atualmente ricas, mas essa não é uma alternativa política.
Na verdade, estamos realmente falando aqui da taxação da riqueza, e a questão é o que aconteceria com essa receita versus o que acontece se os ricos puderem guardar o dinheiro. Se o governo usar a receita extra para reduzir os déficits, então toda ela é salva, em oposição a apenas parte dela se for passada para os herdeiros. Se o governo usar a receita para pagar por seguridade social e/ou bens públicos, é provável que forneça muito mais benefícios para os trabalhadores do que a transferência paulatina do capital aumentado.
Os defensores só podem justificar a alegação de Mankiw de que a riqueza herdada é necessariamente boa para os trabalhadores, insistindo que o governo não faria nada útil com a receita dos impostos sobre heranças. Eu chamaria isso de assumir suas conclusões; em todo caso, é uma alegação que merece ser feita abertamente, e não contrabandeada sob a pretensão de que ele está apenas fazendo análise econômica."
Revista Carta Capital
Leia o artigo na íntegra, pelo link: http://www.cartacapital.com.br/revista/807/a-riqueza-das-dinastias-8318.html
Comentários
Postar um comentário