Compartilho com vocês, amigos do blog, uma
reflexão sobre como somos reféns do tempo e o quanto nos amarguramos com tudo
isso. Espero que após lê-la eu tenho ajudado a cada um a pensar diferente. Certa
feita Cecília Meireles perguntou no espelho onde estava seu rosto. Esse
utilitário, na verdade, torna visível as nossas rugas e os cabelos brancos. A
ação deletéria do tempo assusta o homem desde o primórdio da humanidade. A dor
do envelhecimento é cruel e solitária. Aprendemos a compreender a vida pelos
anos que passam, esquecemo-nos, entretanto, de que a cronologia humana é uma
convenção arbitrária, fruto de nossa visão cartesiana.
Imagine pensar nossa vida pela marcha inexorável
do tempo. Cada segundo no relógio nos faz aproximar-se do fim indesejado. O
suor do terror da decrepitude humana é ofegante, insípido. A matéria se faz
soberana e se os anos tornam os ossos mais frágeis, o raciocínio mais lento,
cada dia é um dia a menos no diário da nossa existência.
O pânico toma conta a cada badalar do relógio.
Entregamo-nos a um destino incontrolável. Ficamos impotentes. Olha só o que
criamos: A dimensão do tempo nos impelindo à morte. Nesse abismo de pensamentos
funestos, perdemos a noção do presente e nos entregamos a uma vida de medos e
angústias. Como somos idiotas! Toda essa combustão de sentimentos nos oprime e
nos impede de viver a vida na plenitude maior do espírito. O apito do trem não
indica a chegada mas sim a partida.A partida para um lugar que não sabemos onde
ou que preferimos ignorá-lo. Olha só o tempo passando, enquanto seus olhos
arregalados acompanham o corrimão das palavras.
Esse é o mal do homem: Relativizar, racionalizar,
indagar o porquê de tudo. Enquanto isso a vida vai passando e não percebemos
que os botões de rosas se abriram, que o canto dos pássaros anunciam o
amanhecer, que nossos caminhos vão cortando as estradas sem rumo como se prenunciasse
um fim que não desejamos.
É hora de renovar o sentido da vida, sobrepujando
a dimensão temporal. Aproveitando cada instante como a celebração do eterno
começo e não do fim, como o filme que nos promove o êxtase, concitando-nos a
singrar os mares pelo espírito aventureiro dos navegantes, ousados ao
enfrentarem o desconhecido.
Somos singulares e podemos construir uma história
movida pelo entusiasmo dos momentos, sejam eles breves ou longos, todos dotados
da magia do encantamento do viver pelo prazer do existir, sem preocupar-se em
demasia com as dores que atravessam os nossos jardins, trazendo espinhos
pontiagudos. E se eles ferem a nossa alma, saberemos juntar os pedaços,
recolher as fagulhas, olhar para um horizonte de oportunidades.
Afinal, nascemos para a vitória, não
necessariamente para o pódio. No alto, muitas vezes, não enxergamos as nossas
limitações, entretanto o sucesso consiste em fazer da vida um hino de
resistência, de determinação, de perseverança. Atravessá-la, exitosamente, implica
saber superar os fracassos e as vicissitudes que encontramos na nossa
caminhada, implica mais ainda na superação dos mares tempestuosos e dos limites
que muitas vezes impomos a nós mesmos.
lindo texto
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