A pobreza extrema no Ceará atinge mais de 900 mil pessoas. Para erradicar o problema, seriam necessários R$ 0,75 a cada R$ 100 gastos pelas familias. No país, o valor é de R$ 0,29 a cada R$ 100,00
Mãe de cinco filhos e com três netos que moram com ela, Antonia Sandra Alves do Nascimento, 41, precisa sustentar sozinha a casa. Por mês, recebe em média R$ 70 vendendo café no centro. “Tem dia que eu não tenho nem o que comer”, disse com lágrimas nos olhos. A família está em situação de pobreza extrema, com renda inferior a um oitavo de salário mínimo mensal.
A condição atinge mais de 900 mil cearenses e cerca de 10 milhões de brasileiros. O problema tem solução financeira possível. Para erradicar a pobreza extrema no Ceará seria necessário utilizar 0,75% da proporção da renda familiar. Ou seja, a cada R$ 100 que consumimos em nossas casas, R$ 0,75 precisaria ser transferido a essas famílias. Na média nacional, o valor é menor: R$ 0,29 a cada R$ 100.
O estudo “Uma Caracterização da Extrema Pobreza no Brasil” mostra que seriam necessários R$ 24,26 milhões mensais para transferir renda às famílias no Ceará. Anualmente, a cifra representa R$ 291,15 milhões. A pesquisa foi elaborada pelo Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) do Caen da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O valor é um dos maiores do Brasil, superado por São Paulo (R$ 476,5 milhões), Pernambuco (R$ 347,9 mi), Maranhão (R$ 332,2 mi) e Minas Gerais (301,1 mi). No país, a cifra passa a R$ 4,08 trilhões.
“Se a cada R$ 100 gasto fosse destinado R$ 0,29, seria suficiente para corrigir essa mazela. Mas a situação não é tão simples e nem é a intenção do estudo que seja assim. É preciso entender a magnitude do problema”, explicou o pesquisador do LEP, Carlos Eduardo Marino. Segundo ele, o valor seria utilizado para transferência de renda e poderia ser acrescido a programas como o Bolsa Família.
Problemas
Erradicar a pobreza tem outras dimensões que a transferência de renda não contempla. Marino explica que localizar essas pessoas é muitas vezes o entrave. “O programa não contempla quem é morador de rua”, exemplificou. A maior parte dos extremamente pobres estão no Nordeste (57,3%), boa parte na zona rural (35,2%) e tem de zero a 14 anos (44,5%).
Outro problema é o desemprego entre essas pessoas, que em geral possuem baixa qualificação. Enquanto a taxa de desemprego é de 6% na média de todas as classes, entre os mais pobres ela chega a 18%.
A classe não é influenciada em um primeiro momento pelas políticas de elevação do salário mínimo. “Vão ser beneficiados em um segundo momento, no entanto, quando o salário se amplia, a economia fica aquecida e todos são beneficiados”, destacou o pesquisador do Dieese, Ediran Teixeira. Ele explicou que seria mais vantajoso se o Bolsa Família fosse reajustado baseado no mínimo."
Fonte: O Povo on line
Comentários
Postar um comentário