"A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) transferiu para a próxima semana a votação do projeto de cotas, que reserva 10% das vagas das universidades federais e escolas técnicas para deficientes físicos. A decisão foi tomada nesta quarta-feira pelo presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Segundo o senador, a mudança via permitir examinar a proposta aprovada recentemente na Câmara dos Deputados com mais tempo.
O projeto direciona 50% das vagas das universidades públicas e das escolas federais de ensino técnico para alunos egressos da escola pública. A proposta também determina que metade dessa cota seja reservada para alunos que comprovem renda familiar de até um salário mínimo e meio per capita. Ainda segundo o projeto, todos os estudantes que ingressarem nas universidades federais e nas escolas federais de ensino técnico de nível médio, mesmo aqueles que ocuparão as vagas reservadas, serão submetidos ao vestibular."
O projeto direciona 50% das vagas das universidades públicas e das escolas federais de ensino técnico para alunos egressos da escola pública. A proposta também determina que metade dessa cota seja reservada para alunos que comprovem renda familiar de até um salário mínimo e meio per capita. Ainda segundo o projeto, todos os estudantes que ingressarem nas universidades federais e nas escolas federais de ensino técnico de nível médio, mesmo aqueles que ocuparão as vagas reservadas, serão submetidos ao vestibular."
Fonte: O Globo
VAMOS NÓS: O jornalista Ali Kamel escreveu um livro fabuloso (já comentei neste blog) intitulado "NÃO SOMOS RACISTAS". Sua tese parece ser bombástica, mas é muito bem fundamentada. Com dados estatísticos irreprocháveis, o autor mostra claramente que o problema do Brasil não está na diferença de cor, mas no insidioso processo de exclusão social que atinge a todas as raças indistintamente. Mais além, Kamel se posiciona contrário a quelquer política de cotas.
Tratei de citar o autor porque comungo, em parte, com sua linha de pensamento. Entendo que tratar igualmente desiguais é perpetuar a desigualdade. Todavia, estabelecer uma política de cotas para o ingresso nas universidades acho um tanto quão desarrazoado. Sabe-se que diferentemente do direito à saúde que é em essência universalizado, a investidura em concurso - vestibular atende ao caráter meritório. Dessa premissa não podemos nos afastar, sob pena de trucidarmos os princípios da isonomia e da resultante do esforço.
Continuamos a acreditar que para problemas difíceis devemos ignorar suas causas através da tomada de medidas fáceis e paliativas. Colocamos o lixo debaixo da tapete e nos esquecemos de atacar o verdadeiro problema: O desastre da educação pública - Professores desqualificados e pessimamente remunerados e alunos apáticos e despreparados.
Com adoção da política de cotas, na mesma sala de aula, existirão alunos com alto potencial intelectual e alunos com sérios problemas de aprendizazem. Vamos nivelar por baixo. Perder-se-à qualidade ou se tornará mais transparente a enorme diferença entre os egressos pelo processo regular e os demais que foram beneficiados pelas cotas. Divide-se a sala, aumenta-se o preconceito. Cria-se um apartheid, suscita-se um conflito.
Eis por que compreendo que a política de cotas tem um lado temerário. Acredito que é inadiável melhorar a escola pública para que seus alunos através de seus próprios méritos adentrem na universidade. Pensar o contrário, é buscar artifícios sublimares que em nada diminuirá o enorme fosso produzido pela desigualdade social em nosso país.
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