"Pesquisa do Laboratório de Estudos da Pobreza, do Caen, levantou a problemática e aponta soluçõesQuase um milhão de pessoas em extrema indigência. Não, não se trata da condição da população de algum país africano, e sim de 11,86% dos habitantes do Ceará. Ou seja, no Estado, precisamente 991.120 pessoas sobrevivem com 1/8 do salário mínimo por mês. Ainda são alarmantes, também, o total de indivíduos na indigência (renda per capita de 1/4 do salário mínimo) e na pobreza (1/2 piso salarial), em todo o território cearense, de 2,2 milhões (26,37% da população) e 4,3 milhões (52% do total), respectivamente. Os dados fazem parte do estudo “Mapa da Extrema Indigência no Ceará e o Custo Financeiro de sua Extinção”, elaborado pelos pesquisadores Carlos Alberto Manso e José Arnaldo Silva dos Santos, sob a coordenação do economista e professor Flávio Ataliba Barreto, do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), ligado ao Centro de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC). “Essa situação de extrema indigência nos avilta, nos humilha, enquanto sociedade. Imaginávamos que os números eram alarmantes, mas não tão monumentais”, resume Flávio Ataliba. O levantamento será apresentado hoje, em audiência pública na Assembléia Legislativa, a partir das 14 horas, numa proposição das comissões de Educação e Desenvolvimento Social. O objetivo é debater a criação de políticas públicas para a superação do que os pesquisadores chamam de “quadro complexo e perverso."
fonte: Diário do Nordeste (06/04/2009)
VAMOS NÓS: A matéria publicada pelo Diário do Nordeste cai como uma bomba para aqueles que enxergam o Ceará como uma ilha da prosperidade. Cerca de 1 milhão de cearenses vive como indigente em nosso estado. A propósito, Darcy Ribeiro já dizia no livro "O POVO BRASILEIRO" que se perpetua no Brasil uma indústria geradora de miséria social. São grupos afortunados que detêm os poderes políticos e econômicos e que manipulam todo o processo de produção e de riqueza, em detrimento da massa de miseráveis que são colocadas à margem da sociedade. Para elas a dor, o esquecimento, a humilhação.
Durante muitos anos, o "Governo das Mudanças" decantou em verso e prosa que o Ceará era uma ilha da prosperidade. Como os números não mentem, o quadro retratado pela pesquisa enseja o uso da boa razão. Como pode uma política concentradora de renda, uma educação pública aos frangalhos, a inércia de ações criativas fazerem gerar uma ilha de prosperidade. Somente um fato leva a isso: a massificação da propaganda oficial que ludibriou as pessoas e criou uma falso encantamento.
Raymundo Faoro, eminente jurista e historiador, já dizia desse insidioso processo de perpetuação da miséria em seu livro "OS DONOS DO PODER". Passaram-se décadas e o que ora se assiste é a repetição de um triste quadro de negligência na adoção de políticas públicas e de plataforma administrativa, fato lamentável que já prospera anos a fio, levando gerações ao desalento e à falta de oportunidades.
E indagam. depois, por que cresceu a violência???!!! Dever-se-ia questionar como estamos construindo um espaço propício à proliferação da violência no Ceará, quando nos negamos a incluir socialmente milhares de homens e mulheres que, como criaturas humanas, têm direito ao trabalho e à vida digna.
O resultado assombroso dessa pesquisa não é nenhuma novidade. Mas pelo menos serve para calar políticos inescrupulosos que arrotam discursos famigerados e mentirosos sobre o Estado do Ceará.
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