Pular para o conteúdo principal

A PEDAGOGIA DA DOR: ALEGRIA VERSUS TRISTEZA

Os últimos acontecimentos na minha vida – do êxtase da eleição de minha prima Márcia como reitora da Universidade Federal do Amazonas - UFAM à morte de minha secretária Lúcia – sinalizaram para mim que vivemos numa relação profundamente paradoxal. Alegria e tristeza são contrastes presentes em nossas vidas. Andam juntas e ficam sempre à nossa espreita, verificando como será nossa reação.

Essa oscilação de sentimentos nos promove uma reflexão aguçada, nos impelindo a invadir a profundeza de nossa alma, perscrutando os segredos do incognoscível. Como é difícil encontrar as respostas! E se elas houvessem haveria razão para viver? Como enxergar a alegria sem passar pelas noites do abismo existencial? Essa antítese é uma prova irrefutável de que a felicidade é um estado de ânimo, gravitando em pólos opostos. E se a dor chega, santifica-se o sofrimento. E se alegria invade, exubera-se o momento.

Essa é a fragilidade humana! O peso da cruz nos assusta. Queremos a todo custo livrar-se da dor. Não percebemos, entretanto, que a dor tem um conteúdo pedagógico. Faz-nos entender a dimensão da nossa impermanência e do quanto somos vulneráveis. São Paulo já dizia que sua fortaleza estava na fraqueza, pois a partir dela se harmonizava seu encontro com Cristo.

Afastamo-nos da dor através de subterfúgios ou de medicamentos com alto potencial de abstratividade. Enganamo-nos com fórmulas acabadas, prontas. Ignoramos seu processo de formação e preferimos engolir as pílulas mágicas que dissimulam um mundo fantasiado. Afinal, é preciso afastar de nós a cruz. Esquecemo-nos, todavia, de que a dor é algo intrínseco à condição humana e como sentimento que nos é inerente deve ser experienciado com o propósito de educar nossos instintos, aguçar nossa prudência e elucidar nossa fragilidade. Com ela nos tornamos mais sensíveis, mais humanos, menos arrogantes. Percebemos que somos uma fagulha na fogueira da vida. Se a luz se apaga, tudo mais só virá com a fé que nos transportará da finitude para a vida plena.

Por essa razão, vivenciar a agonia da dor é o caminho que nos leva a maturidade emocional, que nos liberta do egoísmo existencial e nos faz refletir que a teia da vida nos liga um ao outro por um laço indivisível e indestrutível e que a morte não é senão uma ruptura transitória de um estado harmônico convencionalemente ideal para uma passagem superior e definitiva, cuja plenitude é indiscrítivel diante da limitação humana.

E a crença na vida após a morte, para nós submersos no racionalismo? Um dia Santa Teresa quando indagada sobre a experiência da fé, afirmou: EU SEI. Essa assertiva da carmelita trespassa o mero entendimento dos conceitos indeterminados, limitados pela incapacidade dos nossos signos linguísticos, e, como rompante a mar aberto, invade o recôndito da alma humana e nos concita a crer, para entender e não entender, para crer.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A história do lápis, POR paulo coelho

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou: - Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim? A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto: - Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse. O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.   - Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida! - Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.   “Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade”. “Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o ...

UM EXEMPLO A SER SEGUIDO: Filha de cobrador de ônibus que ir para HARVARD

"Mais do que 30 medalhas conquistadas em olimpíadas de física, química, informática, matemática, astronomia, robótica e linguística no mundo todo, a estudante Tábata Cláudia Amaral de Pontes, de 17 anos, moradora de São Paulo, guarda lembranças, contatos, culturas e histórias dos amigos estrangeiros que fez por onde passou. Bolsista do Etapa,Tábata que é filha de uma vendedora de flores e um cobrador de ônibus conclui em 2011 o terceiro ano do ensino médio e encerra a vida de "atleta." O próximo desafio é ingressar na universidade. A jovem quer estudar astrofísica e ciências sociais na Harvard University, nos EUA, ou em outra instituição de ensino superior americana. Está participando de oito processos seletivos para conseguir bolsa de estudos. "Com ciência é possível descobrir o mundo. Eu me sinto descobrindo o mundo e fico encantada com o céu" Tábata Amaral, estudante Também vai prestar física na Fuvest, medicina na Universidade Estadual de Campinas (Un...

NOSSA RECONHECIMENTO AO DR. FERNANDO TELES DE PAULA LIMA

Não tenho dúvidas de que a magistratura cearense tem em seus  quadros  grandes juízes, mas destaco o Dr. Fernando Teles de Paula Lima como um dos maiores expoentes dessa nova safra. Durante os dez anos de atuação na Comarca de Massapê nunca se ouviu falar de qualquer ato que desabonasse sua conduta. Ao contrário, sempre desempenhou sua árdua missão com a mais absoluta lisura e seriedade. Fato inclusive comprovado pela aprovação de seu trabalho junto à população de Massapê. Ainda hoje me deparo constantemente com muitos populares que  lamentam sua ausência e afirmam que a sua atuação como Juiz neste município garantiu a tranquilidade e a paz da população. Sem dúvida a passagem do Dr. Fernando Teles na Comarca de Massapê marcou a história do judiciário deste município. Tive a satisfação de com ele conviver nesses dez anos. Aprendi bastante. Fui testemunha de um homem sério que tratava a todos da mesma maneira, não se importando com a origem social ou  a condição econô...