Acompanhando o noticiário da televisão sobre a morte do Deputado Federal Clodovil Hernandez, pude perceber que os mortos são sempre pessoas maravilhosas. Nada tenho contra Clodovil, gostava até da sua irreverência, levo apenas o debate para uma constatação bizarra: com a morte temos a absolvição dos nossos pecados pelos homens (Não trato do Perdão de Deus) .
Aquele vizinho briguento era apenas incompreendido, o chefe que teve um infarto lá no íntimo era uma pessoa boa, o assassino que foi alvejado por um tiro da polícia era apenas uma vítima da sociedade.
Na verdade, após a morte de alguém o sentimento de pesar provoca uma comoção a ponto de chegarmos ao extremismo de ignorar os erros, as atrocidades daqueles que foram para o além.Muitas pessoas que assistiram ao filme do Hitler, nos cinemas, choraram com a sua morte. Há ainda hoje loucos que defendem suas idéias.
Como explicar sentimentos tão dicotômicos!!! Medo de ser puxado pelo dedão do pé pela alma do falecido!!!Não. O que observo é que a morte continua sendo um mistério para todos. Aqueles que transpõem o mundo físico são perdoados pela sociedade como fruto de uma ação coletiva inconsciente que, trazida para o contexto de cada um na sua individualidade, retrata a percepção de que temos a consciência dos nossos erros (do esplendor e das nossas misérias que cultivamos lá no nosso íntimo) e sabemos, portanto, que um dia estaremos, neste Tribunal e, claro, esperaremos, também, essa absolvição popular.
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