Cada vez mais me convenço que aquilo que mais concorre para infelicidade do homem são dois comportamentos que a meu ver são decisivos e responsáveis por parte significativa das dores da alma. São eles: A comparação e o tempo.
Quando fazemos uso da comparação, chegamos ao extremo de mensurar nosso estado de realização plena a partir do outro. Se compro um “carro novo”, mas meu vizinho acaba de adquirir um melhor e mais bonito, minha temporária alegria cai por terra e se esvai. A comparação não para por aqui e vai além: comparo os filhos, a esposa, o trabalho, os bens e etc. Ao final, fico gastando energia preocupando-me com o que o outro tem, esquecendo-me de aproveitar e celebrar as minhas conquistas.
De outra banda, sobre o tempo reside um outro mal quase irremediável. Projeta-se sempre para o futuro a realização de algo: a viagem internacional, o casamento, a academia, o curso universitário, até o perdão. É mais ou menos assim: Serei feliz quando for promovido; quando encontrar a mulher dos meus sonhos; quando ingressar na faculdade de medicina e etc. E tome projeção para um dia no porvir.
Mal sabemos, embora seja lógico e empírico, que o que de fato existe é o “presente”, “o agora”, “este momento”. E se soubéssemos vivê-lo, em toda sua intensidade, saborearíamos da vida o que ele tem de melhor.
Essa falsa impressão de que o amanhã é uma certeza, faz-nos perder o encanto de aproveitar o instante com aquele sabor de quem degusta a última fruta saborosa do cesto. Esta é a razão que faz com que muitos que se curaram de doenças terminais ou se salvaram de acidentes graves, mudem seu comportamento e passem a apreciar cada momento da vida de forma intensa.
Na verdade, eles ficaram muito próximo da experiência da mortalidade, da proximidade com o fim terreno e entenderam, pela experiência dolorosa, que nenhuma projeção para o futuro é mais valiosa do que experimentar o presente, saborear e vivê-lo abundantemente.
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