Como diz a canção "o amor tem feito coisas que até mesmo Deus duvida". Este sentimento é tão intenso quanto contraditório. Na paixão, a loucura toma conta, está-se diante de uma projeção do outro. No amor, as coisas se tornam mais amenas e maduras. Com o tempo muitos perdem o encanto nas suas relações amorosas. Como curar esse mal que atinge casais no mundo inteiro?
Parte-se de um princípio que a "execrável" rotina é na verdade a expressão máxima do amor que sobrevive porque reflete a tolerância e a sobrevivência da relação. Onde há rotina há uma relação duradoura. É paradoxal mas facilmente explicável. O casal ao conhecer-se vivencia a experiência da projeção. Enxerga o outro não como ele é, mas como gostaria que ele fosse. O tempo não tarda a mostrar que ambos estavam errados. As pessoas são como ela são, com defeitos e virtudes. Se aceito o outro na dimensão do que ele é, transcendo a paixão e passo a viver o amor.
Os anos se vão e naturalmente nossa relação cai numa zona de conforto. Nada mais se cria, nada mais se reinventa; nos consumimos por um sentimento de que a alegria "acabou". Já não vejo o outro com um olhar de quem avista pela primeira vez uma paisagem encantadora. Na verdade, o outro já não é mais o outro. O outro passou a ser extensão de mim mesmo. Parece até interessante essa divagação: "Parte de mim mesmo". Tudo nele é reflexo involuntário, sem ação individual. Aqui, sim, mora o grande perigo! A perda da identidade do outro.
Só amamos aquilo que admiramos. Admirar é encantar-se, rejubilar-se. Não se deve perder a noção de que uma relação é construída entre duas pessoas. Cada uma com sua individualidade. O outro não é uma propriedade minha. Como já disse o poeta: "Não possuímos as pessoas, temos apenas amor por elas". O ideário da posse, tão ocidental e capitalista, faz-nos perder o sentido da conquista. E a conquista, na verdade, deve ser um exercício diário. Antes de pensar em trocar o parceiro, reinvente sua relação.
Deixe que o outro seja ele mesmo, tenha seus sonhos e seus projetos. Aprenda a enxergá-lo como quem contempla uma cachoeira e imagina que ela está inerte. Ocorre que ao se aproximar percebe-se que há nela uma água viva, diferente a cada instante. Esse maravilhar-se é que deve nos mover em direção a um amor pleno, o qual trespassa a organicidade e se faz enamorar-se com o que há de vir. Ame pela humanidade que há em você e pela vocação inarredável de que, na verdade, é nossa missão fazer o outro feliz.
Deixe que o outro seja ele mesmo, tenha seus sonhos e seus projetos. Aprenda a enxergá-lo como quem contempla uma cachoeira e imagina que ela está inerte. Ocorre que ao se aproximar percebe-se que há nela uma água viva, diferente a cada instante. Esse maravilhar-se é que deve nos mover em direção a um amor pleno, o qual trespassa a organicidade e se faz enamorar-se com o que há de vir. Ame pela humanidade que há em você e pela vocação inarredável de que, na verdade, é nossa missão fazer o outro feliz.
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