Pular para o conteúdo principal

Reforma pode influenciar condução da política econômica, por Beth Calado



A mudança no centro de decisão do governo, a partir da substituição de Aloizio Mercadante por Jaques Wagner, no Gabinete Civil, poderá ter reflexos na condução da política econômica. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deverá contar com um ambiente menos refratário às suas propostas no Palácio do Planalto, onde foi derrotado em seguidos embates com Mercadante e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. 

Mesmo deslocado para o Ministério da Educação, e fisicamente distante da presidente Dilma Rousseff, não se espera que o atual chefe do Gabinete Civil deixe de influenciá-la ou de se fazer presente em discussões que fogem à sua esfera de comando. Mas não terá condições de manter a mesma assiduidade nos contatos com a presidente, como lhe permitia o exercício da função dentro do Planalto. 

Estará também formalmente afastado de fóruns de decisão como a Junta Orçamentária, que reúne o chefe da Casa Civil e os ministros do Planejamento e da Fazenda. Foi na instância da Junta Orçamentária, por exemplo, que prevaleceu a tese de encaminhar ao Congresso uma proposta deficitária em 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para o Orçamento da União do próximo ano – o estopim para o rebaixamento da nota soberana do país pela agência Standard & Poor’s. 

Como economista de convicções solidamente estabelecidas no campo do desenvolvimentismo, Mercadante pode ser considerado um antagonista natural das ideias de Levy, identificado com as teorias econômicas ortodoxas. Nesse contexto, o papel de fiel da balança que se poderia esperar de Nelson Barbosa acabou por não se confirmar. Também próximo às teses desenvolvimentistas, o ministro do Planejamento compôs uma dupla afinada com o Mercadante em detrimento das posições de Levy.  

A entrada em cena de Jaques Wagner no núcleo mais próximo à presidente deve melhorar o ambiente de tomada de decisões, que tem sido marcado por desconfianças e disputas entre as diversas correntes, dentro e fora do Partido dos Trabalhadores (PT), abrigadas na Presidência da República. Embora se alinhe às posições tradicionais à esquerda, Wagner tem manifestado a percepção de que será preciso enfrentar a dose do remédio amargo do ajuste para que o país possa retomar o crescimento econômico. Se confirmada na prática, trata-se de uma posição mais amistosa em relação à estratégia defendida pelo ministro da Fazenda. 

De qualquer maneira, a possibilidade de que Levy ganhe espaços de poder na condução da política econômica do governo continuará a depender da palavra final da presidente Dilma Rousseff. Os que conhecem de perto as suas inclinações na área econômica atestam que não há suficiente convicção sobre a conveniência do ajuste fiscal que está em pauta desde o início do seu segundo mandato. É isso que dificulta a mensagem do governo à sociedade e faz com que a presidente oscile entre a ortodoxia representada por Levy e o desenvolvimentismo encarnado por Mercadante e Barbosa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A história do lápis, POR paulo coelho

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou: - Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim? A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto: - Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse. O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.   - Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida! - Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.   “Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade”. “Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o ...

Felicidade é sentir-se pleno

Não permita que a irritação e o mau humor do outro contaminem sua vida. Não permita que a mágoa alimentada e as reações de orgulho do outro definam a sua forma de reação.  Se alimente de um amor pleno a tal ponto que não seja contaminado por aquilo que lhe é externo. Não gere expectativas que a sua felicidade dependerá de alguém ou de alguma coisa, ou de alguma conquista. Não  transfira ao outro ou a uma circunstância aquilo que é sua tarefa. A felicidade é  um estado interior que se alcança quando se descobre a plenitude com aquilo que nos relaciona com o "todo", com o universo, com Deus. A felicidade está na descoberta da sua missão, do fazer humano em benefício do próximo, da tarefa inarredável de tornarmos este mundo melhor com a nossa presença. Ser feliz é uma atitude, uma ação, um movimento para o bem. É encher-se de  amor pela aventura da vida, é construir esperança no meio do caos, é sempre ter um sorriso aberto para o que destino nos apresenta. Felicidade é ...

NOSSA RECONHECIMENTO AO DR. FERNANDO TELES DE PAULA LIMA

Não tenho dúvidas de que a magistratura cearense tem em seus  quadros  grandes juízes, mas destaco o Dr. Fernando Teles de Paula Lima como um dos maiores expoentes dessa nova safra. Durante os dez anos de atuação na Comarca de Massapê nunca se ouviu falar de qualquer ato que desabonasse sua conduta. Ao contrário, sempre desempenhou sua árdua missão com a mais absoluta lisura e seriedade. Fato inclusive comprovado pela aprovação de seu trabalho junto à população de Massapê. Ainda hoje me deparo constantemente com muitos populares que  lamentam sua ausência e afirmam que a sua atuação como Juiz neste município garantiu a tranquilidade e a paz da população. Sem dúvida a passagem do Dr. Fernando Teles na Comarca de Massapê marcou a história do judiciário deste município. Tive a satisfação de com ele conviver nesses dez anos. Aprendi bastante. Fui testemunha de um homem sério que tratava a todos da mesma maneira, não se importando com a origem social ou  a condição econô...