A morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo de maneira tão repentina me fez lembrar da postagem que aqui fiz sobre como uma vida deve ser vida na intensidade de cada dia. CONFIRAM:
Sempre tenho dito neste blog que costumamos imaginar o tempo como algo manipulável e que sempre está à nossa disposição. Estabelecemos nossos projetos para o futuro e, quando adiamos o cronograma de execução, por uma desculpa ou outra, somos suficientemente prepotentes a ponto de imaginar que mais uma vez o tempo irá esperar nossa demora.
Sempre tenho dito neste blog que costumamos imaginar o tempo como algo manipulável e que sempre está à nossa disposição. Estabelecemos nossos projetos para o futuro e, quando adiamos o cronograma de execução, por uma desculpa ou outra, somos suficientemente prepotentes a ponto de imaginar que mais uma vez o tempo irá esperar nossa demora.
Vandré já dizia que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Algo nos parece enigmático: Podemos controlar o tempo, adiando nossos planos e projetos? Somos senhores do tempo? Ledo engano, afinal o tempo não para. O que temos de concreto é o dia de hoje, mais precisamente o agora. Esse raciocínio impõe refletirmos sobre muitos aspectos de nossas vidas em que deixamos o tempo passar e as oportunidades irem com ele, ficando um rastro de frustração.
Quantas vezes na vida não guardamos aquele whisky escocês, a lingerie francesa, o vestido daquele costureiro famoso para uma “ocasião especial”. Ficam lá envelhecidos pelo tempo, esperando o momento oportuno de entrar em cena. Adiamos até mesmo aquela sonhada declaração de amor pois, quem sabe um dia, não aparece a princesa ou o príncipe dos sonhos pueris. Chegamos ao cúmulo de postergar até o perdão, ou talvez o sorriso para aquele desafeto. Tudo isso fazemos porque imaginamos para cada coisa um dia no futuro, uma circunstância que seja mais propícia. Aprendemos, pelo horizontalismo cartesiano, a dividir nossas vidas pelos dias da semana, pelos meses e anos. Esse convencionalismo brutal e arbitrário nos afasta do que é óbvio: O que temos de fazer tem que ser agora sob pena de que não haja mais tempo para realizá-lo.
Imagine aquele empresário, de origem pobre, que alimentou tantos sonhos de um dia, no futuro, viajar com os filhos pela Europa, mas antes porém precisava ganhar dinheiro, muito dinheiro. A viagem já tinha até data marcada(no ano tal). Ocorre que um ataque cardíaco fulminante atravessou seu caminho e sucumbiu sua vida. De fato ele arriscou no futuro, esqueceu-se, entretanto, de perceber que a vida não se conta pelos dias mas sim pelos momentos. E quantos de nós ainda estamos esperando algum dia no futuro para começar a estudar pra valer, para iniciar a academia, frequentar aquele curso , abraçar os filhos, fazer dieta e etc. Lamentável, mal sabemos quantos segundos nos restam, mas cometemos a asneira de adiar sempre os planos e projetos como se a finitude, destino implacável de cada ser humano , não nos concitasse a viver o agora com a intensidade que lhe é devida, apreciando cada instante como se fosse único,aproveitando o sabor das coisas boas e sentindo-lhe o gosto derradeiro.
Se vivêssemos cada dia como se fosse o último, teríamos uma vida intensa e abundante. Não perderíamos tempo com discussões burlescas, com rancores infrutíferos, com debates intermináveis, com intrigas que não nos leva à nada. Na intensidade desse único dia que ainda restava , saberíamos aproveitar mais a beleza das coisas simples e valorizaríamos mais as pessoas, que muitas vezes nos estão tão próximas e ao mesmo tempo nos parecem tão distantes. Olharíamos a família, o irmão, o outro com um olhar de acolhimento, de uma saudade consentida, e faríamos, daquele momento último, uma entrega absoluta, incondicional.
E vivendo o dia como se fosse último, aprenderíamos que não há uma data para amar, perdoar, construir. O que há de fato é o agora para colocar os planos em ação, os sonhos em execução, sem se permitir tergiversar, procrastinar. Por isso, não guarde as coisas para uma ocasião especial. Todo dia é dia para se comemorar e realizar.
Amigo-Irmão Carlinhos, que bela e inspiradora reflexão! Lembrei-me de um trecho da " Idade de Ser Feliz " de Mário Quintana : " Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa..." A ênfase gestaltística sobre a centralidade no presente nos reporta ao Mestre Frederick S.Perls.
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