Há
alguns dias comentava neste blog sobre a importância da
universalização dos direitos como instrumento de minimização da
violência. Trato melhor por dizer que o estado de injustiça social
é uma alavanca disseminadora da revolta e da desorientação de uma
sociedade.
O
Brasil, por excelência, tem perpetuado de forma sublimada o sistema
de “castas”, uma vez que tem privado à maioria de seus filhos o
acesso às necessidades básicas. Por sua vez, um grupo restrito
controla a seu favor os mecanismos de produção de riqueza,
ostentando-se com seus lucros e dividendos. Na outra via, milhões de
miseráveis encontram nos programas assistencialistas uma forma
alternativa de sobreviver.
O
Brasil é um país injusto. Sua herança colonial deixou um ranço
patrimonialista que se apropria do Estado como propriedade sua fosse.
A riqueza só é legítima quando auferida pelo suor do trabalho,
não por mecanismos fraudulentos ou pilhada sob argumentos históricos
de constituição patrimonial forjadas das capitanias hereditárias.
Urge
olharmos a guerra civil travada nas ruas. Cidadãos e deliquentes se
conflitam e o bem mais precioso – a vida – é banalizada. O medo
e o pavor se tornaram parceiros do cotidiano. Notícias de violência
são veiculadas e muitas vezes não mais despertam a indignação.
Essa anemia social gera a impotência e com ela surge a aceitação
do triste quadro como se ele fosse um resultante de circunstância
natural e seria, se ocorresse na excepcionalidade, não dá forma
como estamos fadados a assistir. E quando um crime gera maior
atenção, surge o time dos salvadores da pátria propondo
modificações nas leis penais, imaginando que elas, se mais
gravosas, terão um efeito intimidatório. Talvez essa tese seja
válida, entretanto entendo que a coercibilidade, por si só, só
intimida aqueles que têm a proporção do seus atos, o que não é o
caso da maioria dos deliquentes.
Nesse
contexto paira uma evidência: é preciso diminuir esse enorme fosso
social que alija as pessoas do processo de inserção no meio onde
vivem. Tudo isso gera revolta e alimenta a academia do crime. Por
outro lado, é vital um choque de valores, proporcionando o resgate
da família e da espiritualidade. Sem equilíbrio e valores, tenham
certeza, não há Nação próspera. É preciso, portanto, superarmos
o ostracismo histórico e alavancarmos, de vez, este país sob a
égide da Justiça Social.
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