A crise do governo Dilma Rousseff vem agravada pelo fraco desempenho da economia, o que reduz o cardápio de reação para reverter o quadro. Esta é avaliação do próprio Executivo a partir das recentes pesquisas, entre as quais a do Datafolha, divulgada nesta quarta-feira (18), que mostra que 62% dos brasileiros consideram a gestão da petista "ruim" ou "péssimo". Apenas 13% dos entrevistados consideram o governo "bom" ou "ótimo".
No auge da crise do mensalão, em 2006, a economia estava embicada para cima, com o preço dos alimentos em baixa. Na ocasião, o governo Lula reagiu autorizando um forte aumento do valor do salário mínimo e assim reiniciou a recuperação de sua imagem e venceu as eleições daquele ano.
Desta vez, os recursos são parcos, o governo não tem como aumentar o mínimo e sequer estimular obras e investimentos. O ajuste fiscal prevê redução no ritmo das obras do PAC já iniciadas e o cancelamento do que não começou. Para os eleitores de Dilma, a recessão vai aumentar e o desemprego deve crescer.
Um dos aspectos importantes dessa pesquisa é a revelação de que não há mais bloco de resistência do governo nem entre as regiões do país (o Nordeste sempre foi fiel ao governo petista, mas agora tem 55% que consideram o governo "ruim" ou "péssimo", ou seja, mais da metade dos habitantes) e nem por faixa de renda, pois os que mais rejeitam o governo ganham entre dois e cinco salários mínimos.
É importante observar que este contingente de brasileiros que ganha nesta faixa de renda, ou seja, entre R$ 1,5 mil e R$ 4 mil, namorou com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) entre o primeiro e o segundo turno das eleições do ano passado.
Foi o momento em que Aécio chegou a ficar à frente de Dilma, mas a campanha petista conseguiu capturar este eleitor e, assim, venceu as eleições. Estes eleitores agora representam o maior contingente dos que desaprovam o governo (66%) até maior do que entre os mais ricos, o que ganham acima de 10 salários mínimos, ou mais de R$ 7,9 mil por mês. Neste contingente, 65% consideram o governo ruim ou péssimo. A aprovação de Dilma entre os mais ricos é de 14% e entre os que ganham entre R$ 1,5 mil e R$ 4 mil é de 10%. Ou seja, proporcionalmente, a elite aprova mais o governo do que os mais pobres.
A região Centro-Oeste é a que apresentou o maior índice de rejeição ao governo: 75% consideram ruim ou péssimo; e apenas 10% bom ou ótimo. Na região Sudeste, é o mesmo contingente de 10% que consideram o governo bom ou ótimo, mas cresce os que avaliam o governo como regular e, assim, os que rejeitam fica em 65%. A região Centro-Oeste é onde se concentra a produção agrícola do país, a região do agronegócio. Pelo visto, rejeita o governo Dilma.
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