A crise financeira que ainda assola a Europa nos deixa grandes lições e nos permite revisitar sua história. Somos sabedores que esse continente foi celeiro dos maiores filósofos da história da humanidade. A cultura europeia construiu as bases do conhecimento do mundo ocidental. Seu apogeu intelectual ainda hoje influencia a construção do pensamento do homem pós-contemporâneo. Não obstante distinção histórica tão nobre, os países do velho mundo se veem hoje diante de um abismo existencial profundo, cujo fosso delimita bruscamente a distância de uma época de glória a um período de profundo desconcerto econômico e desarranjo institucional.
Quais lições podemos tirar desse lamentável episódio? Obviamente devemos nos acercar da assertiva que nos ensina que o sucesso de ontem não nos garantirá o êxito futuro. Mais ainda é necessário perceber que a glória e o apogeu não são absolutos e podem sucumbir pela ação do tempo, principalmente quando se imagina, equivocadamente, que um passado de sucesso assegura um futuro sempre promissor. Na verdade, a Grécia, Roma e Alemanha já assistiram a queda de seus impérios retumbantes.
Afinal, para a nossa vida, o que isso significa? Significa compreender que a vitória, o êxito, são conquistas diárias, que não aceitam o conformismo, a letargia e a mesmice. Se queremos alcançar o sucesso e nele permanecer faz-se necessário, primeiramente, acordar todos os dias cercado de novos planos, novos objetivos, novos propósitos. Enfim, enxergar os desafios como possibilidades. Não se permitir jamais enveredar pela zona de conforto, imaginando-se o melhor, o mais perfeito. Como diz a cultura popular: “imaginando-se ser a última coca-cola do deserto”. Talvez seja esse espírito de arrogância intelectual ou moral, muitas vezes advindo dos antepassados, que tem feito com que muitos empreendedores e profissionais fracassem em sua trajetória. Na verdade se deixaram levar por falsos conceitos, pelo modismo e perderam de vista a sensibilidade e a originalidade na implementação de suas ideias.
Sempre tenho dito e repito: Se há algo que devemos perseguir com todas as forças que Deus nos deu, a isso chamamos “humildade”. Parece simplório utilizar-se dessa palavra, talvez poucos a compreendam naquilo que de fato ela representa. Muitas vezes imaginamos, ambiguamente, que ser humilde é aceitar uma vida amorfa, não reclamar, resignar-se diante de tudo. Equívocos à parte, a humildade não rima com inação, com conformismo. Pelo contrário, ser humilde é saber escutar o outro, é ter temperança no agir, sensibilidade no falar, precaução nas atitudes e espírito acolhedor. Afinal, quem não se exercita pela humildade se imagina que já sabe o suficiente, que não precisa de amigos porque tem brilho próprio, vive do passado sem aprender as lições para o futuro, perde-se na falsa impressão do esplendor e se acha detentor da glória eterna.
Portanto, aprender com o declínio daqueles que se empanturram pela empáfia e se imaginaram acima do bem e do mal, é uma atitude proativa e necessária em um mundo em que a impermanência e transitoriedade são realidades que nos concitam a rever nossas ações e atitudes.
Na verdade, não somos melhor do que o outro. Mas se queremos sobreviver precisamos do outro. Precisamos, principalmente, ver cada dia como um dia a se construir, a se edificar. Para isto é preciso acreditar em si mesmo, amar a si mesmo, sem perder de vista que somos singular, único, o que nos impõe a necessidade de escrever uma história “extraordinária”. Todavia, nossa singularidade não nos dá o direito de esquecermos que fazemos parte de uma teia indivisível que nos liga ao “próximo”, exigindo-nos a prática da solidariedade e do respeito mútuo. Aprender é preciso!
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