O PT e os partidos aliados (e fiéis) ao governo. A pergunta pode ser outra: quem acredita em Levy? Quase todo mundo. A dúvida é diferente: quem acredita na capacidade do país em fazer os ajustes necessários? Pouca gente. Ao falar para investidores internacionais num encontro em Nova York, o ministro da Fazenda Joaquim Levy investe seu prestígio, literalmente, na tarefa de convencer o mercado de que seus planos para o Brasil serão realizados.
O que o ministro tem proposto aos investidores é que relevem o “aqui e agora” e olhem para o futuro, para o longo prazo. Lá na frente, aponta Levy, o Brasil vai recuperar sua vocação de país continental, produtivo e ávido por investimentos de tudo quanto é tipo. Afinal, temos tudo para se fazer e não temos poupança para construir. Mas aí o investidor reage: tudo bem, o Brasil é legal. Mas sem energia, sem água, sem Congresso Nacional, sem blindagem contra ingerência política, sem transparência, não há longo prazo que convença alguém a aportar bilhões de moedas aqui.
Experimentando o realismo sem abrir mão da cautela, Joaquim Levy admitiu que o crescimento da economia em 2014 “pode ter sido negativo”. Cá entre nós, ministro...esqueça os números. A economia brasileira andou mesmo para trás no ano passado. E continua dando ré em 2015, com ou sem os ajustes prometidos pela nova equipe econômica.
Quem está empurrando o país para trás não são só as contas públicas desequilibradas, ou a inflação mais alta - é adversidade do ambiente institucional. Com um parlamento hostil para aprovar as medidas de ajuste necessárias e pouca margem de manobra para cortar gastos, a equipe de Levy tem ainda que encarar um investidor desconfiado, um consumidor inseguro e um empresariado desiludido.
Para não assustar mais a plateia, o ministro disse que não vai precisar de “medidas draconianas” para entregar suas metas, como a economia de gastos para o pagamento dos juros da dívida pública. O que ele não pôde admitir é que esta escolha não será livre. Se o Congresso Nacional não colaborar aprovando os ajustes, a dose de “maldades” terá que ser maior, ou então as metas têm que mudar.
Cada batalha em seu momento. Joaquim Levy trava agora a da comunicação, gastando seu cacife de competente e confiável para manter alguma dose de expectativas nas mudanças que estão por vir. O que não há como mudar ou evitar são as contas a pagar pelos erros cometidos até agora. E para cobrir essas despesas, os investidores internacionais não entram com um tostão. Já você, consumidor, pequeno, médio ou grande empresário, não vai escapar de abrir a carteira.
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