Um terço da população mundial adulta é fisicamente inativa e o
sedentarismo mata cerca de cinco milhões de pessoas anualmente, segundo
estudo de especialistas publicado nesta quarta-feira na revista de
medicina britânica The Lancet.
De acordo com o trabalho, três a
cada 10 indivíduos com mais de 15 anos - o que representa 1 bilhão e
meio de pessoas no mundo - não seguem as recomendações de atividade
física. O problema foi descrito pelos cientistas como uma "pandemia".
O
quadro para os adolescentes é ainda mais preocupante. Quatro em cada
cinco adolescentes com idades entre 13 e 15 anos não se exercitam o
suficiente.
A inatividade física é descrita no estudo como a falta
de exercícios moderados por uma duração de 30 minutos, cinco vezes por
semana, e práticas mais rigorosas durante 20 minutos, três vezes por
semana, ou até mesmo a combinação das duas coisas.
Os
pesquisadores também comprovaram que o sedentarismo aumenta com a idade,
é maior entre as mulheres e predomina em países ricos.
Um segundo
estudo, comparando atividades físicas com estatísticas de incidência de
doenças como diabetes, problemas cardíacos e câncer, mostrou que a
falta de exercício é responsável por mais de 5,3 milhões das 57 milhões
de mortes ocorridas em todo o mundo, em 2008.
O documento diz ainda que inatividade é um fator de risco comparável ao fumo e à obesidade.
De
acordo com o estudo, a falta de exercício causa cerca de 6% das doenças
coronarianas, 7% dos casos de diabetes tipo 2, que é a forma mais
comum, e ainda 10% dos cânceres de cólon e mama.
Reduzir o
sedentarismo em 10% pode eliminar mais de meio milhão de mortes a cada
ano, segundo os especialistas, que acrescentam ainda que as estimativas
são conservadoras.
O corpo humano precisa de exercícios para
manter ossos, músculos, coração e outros órgãos com o funcionamento
ideal. Mas as pessoas estão andando, correndo e pedalando cada vez menos
e passando mais tempo em carros e na frente do computador.
Ao
generalizar a atividade física, a expectativa de vida da população
mundial poderia aumentar em 0,68 ano, quase como se todos os americanos
obesos voltassem ao peso normal, acrescenta o estudo. Também estima-se
que o tabaco mate 5 milhões de pessoas por ano.
De acordo com
outro estudo realizado em 122 países e liderado pelo Dr. Pedro C. Hallal
(Universidade de Pelotas, Brasil), um terço dos adultos e quatro
adolescentes a cada cinco no mundo não praticam atividade física
suficiente, o que aumenta de 20 a 30% o risco de ter doenças
cardiovasculares, diabetes e alguns cânceres.
A maioria dos
adultos inativos é encontrada em Malta (71%), Sérvia (68%), Reino Unido
(63%), enquanto a Grécia e a Estônia estão em as nações que mais se
movimentam, com apenas 16 e 17% respectivamente de pessoas inativas.
"Na
maioria dos países, a inatividade aumenta com a idade e é maior entre
mulheres do que entre os homens (34% contra 28%). A inatividade também
aumenta em países de alta renda", acrescenta Dr. Hallal.
Sobre a
questão de como convencer as pessoas a se movimentarem, nenhum estudo
tem uma receita miraculosa. De acordo com Gregory Heath (University of
Tennessee), que estudou diferentes tentativas entre 2001 e 2011, as
medidas mais eficazes são as campanhas dos meios de comunicação e
pequenas mensagens, como "subir de escada ao invés de elevador". Ele
também cita o exemplo de clubes de caminhada, a criação de ciclovias ou a
proibição pontual da circulação de carros nos centros das cidades.
Os
esforços são particularmente necessários em países com renda baixa e
média, onde as mudanças econômicas e sociais podem reduzir rapidamente a
atividade física, até então relacionada com o trabalho e transporte,
acrescenta Heath.
Fonte: O Povo CE
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