É bastante comum as pessoas atribuírem o insucesso a motivos que lhes são externos: famílias, governos, instituições etc. Essa mentalidade retrata uma transferência de responsabilidade que na maioria das vezes serve de justificativa para os nossos fracassos. Culpar alguém é muito melhor que assumir a culpa. Esse pacto de mediocridade interpessoal faz com que muitos se utilizem da cruel vitimização para dar respostas a uma vida sem brilho, sem projetos, sem realização.
Ao culparmos os outros por nossas desventuras, estamos atribuindo a eles a responsabilidade sobre o nosso insucesso. Isso de fato é bastante cômodo porque não exige uma investigação sobre as causas e muito menos uma ação concreta no sentido de superar aquele estado de inércia. Se fracassamos, a culpa é do professor, do pai, do vizinho, do político, quem sabe até da cegonha. Nesse contexto nos permitimos enveredar pelo ciclo vicioso da zona de conforto.
E haja culpados para tanto fracasso. Será uma existência inteira de lamentações. Pior ainda para quem vai ter que ouvir e conviver com esse rosário de lamúrias. Com certeza vocês já partilharam do convívio de pessoas que preferem valorizar suas desgraças a lutar para transformar as realidades que lhe são adversas. Apontam seus culpados, ao contrário de perceberem que são eles próprios, na maioria das vezes, a razão de seus infortúnios. Esquecem-se da lição básica de avaliar os seus erros, de reconhecer suas omissões. Tornam-se algozes de si mesmos, atiram-se no abismo de suas desventuras.
Dessa tragédia do conformismo cego, devemos colher boas lições. Uma delas é percebermos que se fracassamos, parcela ou quase totalidade desse fatídico resultado, advém dos nossos próprios erros. Faltou-nos coragem e audácia. Deixamos de enxergar o mundo pelas possibilidades e optamos por aceitar os horizontes sombrios de uma existência pífia, morna e amorfa.
Talvez alguns de vocês tenham a vontade de me dizer que o que ora escrevo não tem sentido, pois desconheço sua história pessoal. Mais ou menos isso: “Se você soubesse como é a minha vida, com certeza me daria razão....” Lamento desapontá-lo mas mesmo a meio das maiores intempéries e dos invernos existenciais pelos quais você passa, nada justifica o fracasso que se ampara no imobilismo, na ausência de ação, na aceitação imotivada.
Já disse antes e repito: Nascemos para a vitória. Basta que façamos as escolhas certas. Isso, entretanto, impõe trabalho, determinação e foco. Muito mais ainda nos exige amor próprio e vontade de construir uma história diferente, motivada pela singularidade que é peculiar à nossa própria existência; somos únicos e há em cada um de nós uma inarredável vocação para a vida em plenitude. Vida que viceja vida. Vida que se dinamiza, se transforma e se renova.
Por isso, antes de atribuir a alguém seus fracassos, olhe para dentro de si mesmo e se redescubra como um ser capaz de superar o comodismo, as limitações. Siga em frente como quem olha o mundo com os olhos de criança. Um olhar de quem sonha e acredita, de quem supera os obstáculos pela fé e pela certeza de que aqui estamos, fruto de uma vontade sublime e divina, para construir uma grande história. Não deixe, portanto, de ser o ator principal da sua vida.
Por isso, antes de atribuir a alguém seus fracassos, olhe para dentro de si mesmo e se redescubra como um ser capaz de superar o comodismo, as limitações. Siga em frente como quem olha o mundo com os olhos de criança. Um olhar de quem sonha e acredita, de quem supera os obstáculos pela fé e pela certeza de que aqui estamos, fruto de uma vontade sublime e divina, para construir uma grande história. Não deixe, portanto, de ser o ator principal da sua vida.
Por Theófilo Silva é articulista colaborador de Rádio do Moreno
ResponderExcluirEmbora a fraude no Enem tenha envergonhado os cearenses, outro fato encheu-os de orgulho: sua Faculdade de Direito (UFC) foi a segunda colocada no quinto exame nacional unificado da OAB, 2011, deixando para trás as prestigiosas USP e UNB.
Foi também na educação – uma greve de professores que durou mais de dois meses – que se revelou a desgraça que hoje flagela o Ceará muito mais do que as “Secas” e a fraude do Enem: a família Ferreira Gomes, ou, apenas, Ciro Ferreira Gomes.
Com cinquenta e quatro anos de idade, Ciro já foi deputado, prefeito, governador, ministro da fazenda. Candidato a Presidência da República, foi derrotado duas vezes, entre outras coisas por conta de sua língua solta, e do machismo, que envergonhou o Ceará. Humilhado, Ciro reconheceu sua insignificância nacional, e recolheu-se ao Ceará onde instituiu uma monarquia, a famosa dinastia Ferreira Gomes.
Vaidosos, arrogantes e incompetentes, os irmãos Gomes capricham no destempero, em que desancam a tudo e a todos. Vejamos algumas pérolas: “médico é igual sal: branco, barato e você acha em qualquer lugar”, “Fortaleza é um puteiro a céu aberto”, “o professor que não estiver satisfeito com o salário (R$ 1.200,00) peça pra sair”, “O sujeito se vicia em exame de próstata, e...”. Durante a greve dos professores, a deputada Patrícia Gomes, ex-mulher de Ciro, foi filmada dando língua para os manifestantes.
Formado em Direito pela UFC, Ciro não trabalha, nunca trabalhou, sempre foi político – troca de partido como quem troca de roupa – embora tenha se declarado porta-voz do Beach Park e assessor do PSB? Muito embora só ande de jatinho.
Sua família tomou conta do Ceará: um irmão é o governador do estado; outro, deputado; um secretário de estado; outro prefeito; a mãe de seus filhos é deputada e ex-senadora; a filha prepara-se ser deputada, e por aí vai. Ciro age como as velhas oligarquias nordestinas: perpetua a pobreza e aumenta do poder da família.
O Ceará foi governado durante a ditadura militar por três coronéis do exército, que se revezavam no governo. Esses coronéis tornaram o Ceará símbolo nacional do atraso. Bons tempos aqueles, onde, hoje, sabe-se que um deles, Virgílio Távora, foi um dos maiores governadores que o Ceará já teve. Pelo menos naquela época havia alternância de governo. Hoje tudo no estado se subordina ao desejo de Ciro, o grande. Os outros poderes não dizem não aos seus desejos nem contrariam suas ordens.
No interior do Ceará impera – Fortaleza não vota nos Gomes – pobreza, miséria, analfabetismo, o mesmo que na periferia de Fortaleza, embora turistas pensem que o Estado é uma enorme Avenida Beira Mar. Ciro não diminuiu os índices de atraso que atormentam o estado, nem repetiu os êxitos dos governos de seu padrinho político e amigo, agora desafeto, Tasso Jereissati.
É triste ver que Ciro foi uma grande promessa na política cearense, alguém que, quando jovem, parecia trazer algo de novo. Não trouxe nada, sua fome de poder é a única coisa que o move hoje em dia. Vive do simples prazer de ser um coronel, administrando sua vasta propriedade, cujo feudo mais amado é sua cidade natal, Sobral – folclórica pelo orgulho de seus habitantes –, onde é tratado como um deus.