UMA REFLEXÃO AOS MASSAPEENSES
Resolvi escrever esse texto como uma provocação para que cada um de nós reflita sobre um tema que mexe profundamente com as nossas emoções: a política com o “p” minúsculo. Principalmente, em se tratando de uma cidade do interior, onde as pessoas cultivam esse hábito de forma radical e apaixonada, o que provoca muitas vezes uma cegueira estúpida e desproposital.
É natural que cada um de nós defenda uma bandeira, torça por um time de futebol, vibre com a vitória de um partido. São circunstâncias inerentes à condição humana que se revela na liberdade de fazer escolhas e tomar opções. Mas é necessário perceber que a partida de futebol acaba após os 90 minutos; que as eleições finalizam após a proclamação dos resultados. O que é lamentável é que muitas pessoas não compreendem que em toda competição há um ciclo onde somente um sairá vitorioso. Muito mais ainda é necessário estar consciente que aquele que hoje foi “derrotado”, amanhã poderá ser o que vai ascender ao “pódio”. Finalizada, portanto, a competição não se justifica que se protraia no tempo a animosidade e o estado de beligerância, como fôssemos inimigos uns dos outros. Como se a luta travada durante as eleições, devesse permanecer infinitamente.
A consequência desse visão distorcida é o atraso e a perpetuação de políticas clientelistas, voltadas aos interesses mais escusos, malferindo os princípios republicanos. Para os meus, tudo; para os inimigos, nada. Na verdade, essa acepção não é propriedade apenas de um partido é quase um modus operandi de todos.
Particularizo minhas observações a cidade onde moro e vivo desde que nasci. Aqui a política tem uma força avassaladora, capaz de destruir amizades e até mesmo relações familiares mais sólidas. Se pertences a um “lado” nada de bom enxergará no “outro”. Ao contrário, movem-se céus e terras para destruir o inimigo, independentemente que para isto seja necessário mentir, jogar sujo, agir levianamente. Afinal, o inimigo sempre está “errado” e “nunca tem razão”. Embora, amanhã, mais tarde, se atender aos nossos interesses, ele se tornará a melhor pessoa do mundo. Afinal, a “política” é dinâmica.
Pergunto, portanto, aos massapeenses como eu, o que ganhamos com essa visão míope? O que melhorou em nossa cidade em razão das divisões partidárias e do radicalismo cego. Continuamos engatinhando, a passos lentos, muitas vezes desperdiçando grandes oportunidades porque somos incapazes de nos sentarmos na mesma mesa como pessoas civilizadas, independente da facção partidária a que pertencemos, para discutirmos o que de fato interessa à nossa população. Na verdade, o que se ver é a defesa dos próprios interesses, daquilo que parece mais favorável ao “a” ou ao “b”. Enquanto isso a população sofre o descaso,o abandono e a falta de oportunidade.
Em umas das postagens anteriores cobrei dos pré-candidatos a prefeito a apresentação de um programa de intenções. Até agora não vi nenhum deles apresentar nada consubstancial de interesse dos massapeenses. Por isso muitas vezes me nego a aceitar a política cega, sem arcabouço argumentativo. Defendo que o interesse público é supremo e deve estar acima das paixões e das motivações partidárias. Muitas vezes sou criticado por pensar assim. Já me perguntaram de que lado eu estou e eu respondi que estou do lado da justiça. Por assim pensar, defendo a democracia, a diversidade, a liberdade de expressão, a dignidade da pessoa humana, o respeito à vida e a ética. Não me rotulo e não me aceito pertencente a uma corrente “A” ou “B”. Embora seja filiado a um partido político, isso não me impede pensar de forma diferente dos meus pares.
Quero com isso promover uma reflexão com os meus leitores, particularmente com os meus irmãos massapeenses, sobre as nossas atitudes, aquilo nos leva muitas vezes à ditadura da mediocridade. Nada se pensa, nada se constroi, nada se edifica, se continuarmos presos a uma mentalidade retrógrada de fazer política. Finalizo, portanto, valendo-me de uma das maiores inteligências brasileiras, Rui Barbosa, que em um texto maravilhoso nos deixou uma indelével lição:
“A política afina o espírito humano, educa os povos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida de que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.
A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou um conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.” (Rui Barbosa)
Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida de que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.
A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou um conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.” (Rui Barbosa)
Espero que essa reflexão desperte um “novo tempo” para os massapeenses e possa ela abrir os nossos olhos para o que de fato nos interessa: SER FELIZ! e isso exige respeito ao próximo e à diversidade.
Concordo com tudo isso,texto retrata a realidade não somente de pequeno vilarejo que ainda não aprendeu a ascender a cidade,mas também de cidades bem maiores,parabéns!
ResponderExcluirMeu Caro Amigo-Irmão Carlinhos, nós, Leitores , nos deleitamos com profunda e belíssima Reflexão sobre relevante e oportuna Temática. Por falar em nosso Ilustre Ruy Barbosa, nesse instante, lembrei-me de um trecho de " Oração aos Moços "... Que a sábia constatação literária nos sirva realmente de admoestação, mas o otimismo e o entusiasmo sejam preservados, tendo como Valor : Trabalho Decente, Dignidade e Cidadania. Transcrevo, na íntegra : " De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. " DEUS nos abençoe... R
ResponderExcluirMeu prezado Carlinhos, a cada dia que passa, cresce a minha admiração e o meu respeito por você; a cada dia que passa, aprendo mais com você; a cada dia que passa, os massapeenses deveriam ter orgulho de possuir um filho tão sincero, tão justo, tão imparcial e tão culto.
ResponderExcluirTenho muito orgulho de poder dizer a todos nossos conterrâneos que sou seu amigo!
Parabéns pela postagem!
Seu amigo,
Jorge Costa