Sempre tenho dito aqui que somos responsáveis pelas nossas escolhas. Naturalmente nossas escolhas têm consequências. Se plantares pés de laranja não irás colher azeitonas. Esse assunto volta ao blog em face da manifestação de um leitor sobre uma matéria que publiquei neste espçao, na data de 16/01/2011, intitulada “ Sobre a Tragédia do Rio, a inevitável pergunta: Onde estava Deus?” O comentário do leitor foi bastante agressivo em relação a Deus e, em face do anonimato, resolvi excluí-lo. Fiquei me perguntando por alguns dias a razão da cólera do amigo que formulou aquele comentário: O que o fez nutrir uma raiva tão grande de Deus diante daquele epísodio que já dizimou mais de oitocentas vidas na região serrana do Rio de Janeiro.
Após muito meditar sobre a revolta do leitor, cheguei à conclusão de que as instituições religiosas(igrejas nas suas várias denominações) não cumpriram seu papel de orientar pela verdade. Essa ignorância doutrinário-pedagógica fez com que todas as tragédias e desgraças humanas fossem atribuídas a Deus. Isso é muito comum ao nos depararmos em um velório com as manifestações dos amigos aos parentes do falecido: “Conforme-se, porque essa foi a vontade de Deus”. Dizer isso para uma mãe que perdeu um filho de nove anos em um acidente de trânsito é no mínimo absurdo e contraproducente. Vontade de Deus coisa nenhuma!. A morte se deu por uma fatalidade, fruto da irresponsabilidade de um motorista que dirigia embriagado. E por que Deus não evitou o acidente? Por um simples motivo: Deus não age onde o homem deve agir. Se estamos numa sociedade, constitucionalmente sadia, cabe a nós, pela lei, evitar que motoristas dirijam embriagados. Deus não vai descer de sua instância para interferir nos problemas que dizem respeito aos homens.
Sobre o caso específico do Rio de Janeiro eu já disse em postagens anteriores que o evento trágico contou com a irresponsável ocupação de áreas de risco. Não foi Deus quem conduziu aquelas pessoas para ocuparem espaços não propícios à habitação. Houve, de fato, a ausência de uma política urbana que possibilitasse às vítimas da tragédia um local para morar com segurança e dignidade. E o que me dizer daquele amigo que morreu de um câncer no pulmão por ter fumado a vida inteira. É justo que diante da doença ele rogue a Deus por sua cura quando durante anos a fio amigos e parentes aconselharam a deixar o cigarrro e ele ignorava o apelo daqueles que o amavam. Somos de fato responsáveis pelas nossas escolhas. Deus nos dá a oportunidade de fazer as escolhas certas , todavia temos o livre arbítrio para buscar os caminhos tortuosos.
Volto agora à questão dos erros que são cometidos pelas autoridades religiosas quando criam um Deus justiceiro e implacável. Aprendemos desde cedo que se pecarmos não iremos para o céu. E o que é pior é que muitos quando são acometidos por uma injustiça ou ingratidão logo dizem que Deus vai dar o troco e que justiça divina não faltará. Atribuem a Deus a imagem de um justiceiro de filme americano. Mal sabem que o Deus verdadeiro é misericordiso e justo, mas essa justiça não implica retribuir com a mesma moeda a ofensa recebida. São esses pensamentos retrógrados que fazem com que muitas pessoas entendam que a ausência de Deus diante das tragédias humanas é um sinal claro de sua inexistência. Ampliam dessa forma o rol dos ateístas: “Se Deus não age, por que acreditar Nele?” Essa constatação é infantil, fruto da ignorâcia teológica, e robustecida por um pensamento religioso incipiente e equivocado. Já disse no início desse artigo e volto a repetir: Deus não age onde o homem deve agir. Esse foi o preço que Ele pagou por amar tanto a humanidade, a ponto de abdicar de seu poder.
Imagine se a cada situação de tragédia ou de problemas da vida cotidiana houvesse a interferência divina. Talvez por um pensamento simplório e pouco amadurecido concluiríamos que seria muito bom: não haveria acidentes, conflitos, mortes etc. Mas surge uma pergunta: Como seria nossas vidas se em cada atitude houvesse a intervenção de Deus. Não teríamos o que pensar muito menos a liberdade de agir. Seríamos seres autômotos, sem capacidade de criação, frios e sem emoção , apenas refém de uma vontade superior. Não foi para isso que a sabedoria divina nos criou. Por isso é nossa responsabilidade tornar esse espaço terreno, com tantas riquezas, um lugar habitável e fraterno. Essa é missão nossa e não cabe a Deus intervir.
olá carlinhos estou usando este valioso espaço para denuciar o descaso que a adm de Massapê tem feito com nós universitários.Mal começou o semestre e mais uma vez não teve condução para nos deslocarmos até a faculdade.O mais lamentável é que se quer foi alguém nos informar o porquê.Nos dizem que a prefeitura não tem obrigações com o ensino superior,mais será que ele não tem obrigação com a educação de seus jóvens?estou convencido que não.obg.
ResponderExcluirCarlinhos, todo esse contexto nos faz lembrar da frase de Victor Hugo: "Deus é o invisível evidente", não esquecendo a colocação jocosa de Millôr Fernandes : " Está bem. Deus é brasileiro. Mas para defender o Brasil de tanta corrupção só colocando Deus no gol." R e S
ResponderExcluirSobre o seu post, Carlos, tenho que concordar que "... Deus não vai descer de sua instância para interferir nos problemas que dizem respeito aos homens..." Até porque nós fomos criados à sua imagem e semelhança, somos capazes de resolver nossos problemas terrenos porque a Sua Sabedoria e a Sua Força está dentro de cada um de nós. Junto com essas dádivas nos foi dado o livre arbítrio...então nós decidimos! Mas ao mesmo tempo, Carlos, eu tenho uma fé inabalável (e há pouco tempo reafirmada) de que Ele está aqui, bem perto, a espera de um chamado, de um pedido, de uma oração, e sim, Ele vem e nos atende, sempre! Por que nos ama! Mas precisamos buscá-Lo. Talvez não seja como nós queiramos, mas Ele vem sempre que o chamamos com fé, amor e desprendimento! Não para resolver nossos problemas terrenos, estes são por nossa conta, mas Ele vem para nos fortificar o Espírito! Se me permite finalizo aqui com o Salmo 27, 1 e 14; e com Mt. 7,7: Salmo 27, 1 - "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?" Mt. 7,7: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á."
ResponderExcluirCris.