Em postagens anteriores neste blog falei que ia tecer alguns comentários sobre os rumos políticos de Massapê, o que ora faço. Observa-se com facilidade que o município vive os resquícios da bipolaridade política. Tem-se dois lados: Partido A e Partido B : Simpatizantes do Partido A e do Partido B. Passam-se os anos e essa modelagem se repete. Vê-se com nitidez que o modelo é típico de cidades interioranas, onde a ausência da consciência política implica uma visão míope do processo eletivo e culmina com o prejuízo à alternância do poder.
Tal modelo conspurca com tudo o que se aprendeu sobre democracia. Perpetua-se no poder e passa a ser dele o dono absoluto, a ponto de defenestrar para bem longe aqueles que a ele se opõem. Cria-se uma cidade marcada pelo apartheid entre os favoráveis e os contrários. Se na eleição seguinte, vence o outro partido, tudo se repete. Como consequência tem-se um governo com projetos incipientes, circunstanciais e sem consistência. O modelo administrativo segue a órbita dos amigos e para os amigos. Daí vem o empreguismo e coleguismo. Não se trata de desenhar um projeto autêntico que vislumbre a vocação empreendedora do povo e a mobilização de forças para transformação social, ao contrário se perpetua um paradigma de paternalismo e assistencialismo baratos, restando enorme prejuízo ao desenvolvimento sustentável do município.
Por outro lado, as forças que a ele se opõem marcham pelo oportunismo da vacuidade e do desgaste do poder, sem também preocupar-se com um debate responsável e produtivo. Repetem os mesmos erros, são omissos e não se permitem compreender um projeto administrativo desvinculado da ação política eleitoreira. Cada eleição é uma preparação para a nova eleição. Esse círculo vicioso atropela a solução de continuidade da administração pública e relega a população a práticas equivocadas, malferindo o conteúdo das políticas públicas que deveriam ser eficientes.
O mais trágico dessa bilateralidade consentida – fruto da ignorância política - é a ausência de formação de novas lideranças. O exercício do poder é limitado a um grupo restrito. A força do poder econômico se instala de forma contundente e arrebata qualquer boa-intenção dos mortais comuns de participarem do processo eleitoral. Lá se vão as boas ideias, sepultam-se os líderes em potencial e preferem-se a mesmice, sob a moeda de troca de um emprego, de uma saco de cimento, de uma promessa futura.
Enquanto isso nossas crianças marcham a meio dessa conjunção de forças opostas, sem perspectivas de dias melhores, sem enxergar na cidade que lhes viu nascer um futuro diferente. Estudarão bastante e daqui irão embora um dia - essa talvez seja a meta de muitos. Aos idosos, entretanto, caberão a esperança de que um dia isso posso mudar. Talvez um dia em que a política deixe de ser profissão e passe a ser uma missão de vida. Talvez um dia em que a população de Massapê acorde e abra os olhos para a realidade e se permita compreender que durante décadas não foi senão “massa de manobra” para muitos interesses escusos.
P.S. Em breve continuaremos nossos comentários
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