O desastre aéreo do vôo 747 da Air France chocou o mundo pela magnitude da tragédia. Pessoas das mais diversas nacionalidades, inclusive brasileiras, tiveram o curso de suas vidas interrompido de maneira abrupta. Assim acontece também com os cataclismos naturais como terremotos. No final da história nos perguntamos: Como pode tantas vidas serem dizimadas tão repentinamente? Onde está Deus diante de tudo isso?
Os familiares, com mais razão, até pelo desespero, diante de um episódio como este, deve ter sofrido um abalo na sua fé. Indagam-se: Como pode um Deus que se diz Pai e Misericordioso permitir que tantas vidas sejam ceifadas, tantas famílias sejam destroçadas.
Essa é a pergunta que mais mexe na cabeça da gente quando fatos tristes como estes nos afetam. Imaginamos que Deus foi omisso, negligente ou que talvez essa entidade divina não exista, esteja apenas povoando a mente humana.
É preciso ressaltar que nascemos no berço do racionalismo cartesiano. Suas idéias alimentaram nossa alma e a partir de então tudo que ocorre é fruto de um pensamento sistemático que se estabelece na fronteira dicotômica: Se o mal existe, o bem é mera quimera. Poderíamos parafrasear essa ambivalência perguntando a nós mesmos: Se uma tragédia dessa natureza aconteceu (o mal) é porque Deus (o Bem) não existe. O reducionismo de horizontes, alimentado por um pensamento cartesiano, nos indica duas fronteiras que se conflitam e que se distanciam, a ponto de que se uma delas subsistir, torna-se a negação da outra. Tal raciocínio é carente de uma avaliação hermenêutica mais aprofundada.
É necessário trazer à lume que os fatos são naturais, embora muitos deles sofram a interferência da ação antrópica. Com a inteligência humana, construíram-se máquinas voadoras, edifícios gigantescos, produtos químicos que facilitam a vida das pessoas e inúmeras outras parafernálias. Entretanto, sabemos que muitas dessas engenhosidades conflitam com o estado natural das coisas e importam em prejuízo ao próprio homem. Essa dimensão antitética é inerente à vida e ao seu curso de evolução natural.
Surge então o bojo de nossa discussão: Imagine um Deus que evita acidentes de toda ordem: crianças que caem das escadas, telhados que desabam, automóveis que colidem, terremotos e outros mais. Sua interferência no campo das probabilidades, invadindo o percurso natural da vida, seria um desacerto ao seu propósito de criar o homem livre e com a capacidade inventiva, inclusive de prevenir acidentes. Mais ainda estaria o Criador limitando a sua Criatura, arrancando-lhe o livre-arbítrio e tornando-o um autômato. Livrar-se-ia da morte como finitude da existência temporal, todavia estar-se-ia eternamente escravizado pela Divina Vontade a um existir sem dor, todavia sem ventura.
De que adiantaria uma vida sem o inesperado, nem que ele nos seja muitas vezes adverso. De que importaria viver sem enxugar as lágrimas. Como seria de fato a vida indolor? Não haveria o inusitado, o abrupto. E o homem como se comportaria se imaginasse que o Criador, a todo tempo, poderia intervir na sua criação, mudando as peças, as personagens, como se estivesse jogando cartas.
Esse é o preço que pagamos pela liberdade. Deus nos criou e nos deu as ferramentas necessárias para que vivamos no anfiteatro da vida como autor de nossa história. Se ela muitas vezes é escrita pela dor, isso não é sobremaneira a negação da grandeza Divina. Ao contrário, só um Deus misericordioso é capaz de abdicar do seu poder para permitir que os homens sejam livres o suficiente para fazer escolhas.
Os familiares, com mais razão, até pelo desespero, diante de um episódio como este, deve ter sofrido um abalo na sua fé. Indagam-se: Como pode um Deus que se diz Pai e Misericordioso permitir que tantas vidas sejam ceifadas, tantas famílias sejam destroçadas.
Essa é a pergunta que mais mexe na cabeça da gente quando fatos tristes como estes nos afetam. Imaginamos que Deus foi omisso, negligente ou que talvez essa entidade divina não exista, esteja apenas povoando a mente humana.
É preciso ressaltar que nascemos no berço do racionalismo cartesiano. Suas idéias alimentaram nossa alma e a partir de então tudo que ocorre é fruto de um pensamento sistemático que se estabelece na fronteira dicotômica: Se o mal existe, o bem é mera quimera. Poderíamos parafrasear essa ambivalência perguntando a nós mesmos: Se uma tragédia dessa natureza aconteceu (o mal) é porque Deus (o Bem) não existe. O reducionismo de horizontes, alimentado por um pensamento cartesiano, nos indica duas fronteiras que se conflitam e que se distanciam, a ponto de que se uma delas subsistir, torna-se a negação da outra. Tal raciocínio é carente de uma avaliação hermenêutica mais aprofundada.
É necessário trazer à lume que os fatos são naturais, embora muitos deles sofram a interferência da ação antrópica. Com a inteligência humana, construíram-se máquinas voadoras, edifícios gigantescos, produtos químicos que facilitam a vida das pessoas e inúmeras outras parafernálias. Entretanto, sabemos que muitas dessas engenhosidades conflitam com o estado natural das coisas e importam em prejuízo ao próprio homem. Essa dimensão antitética é inerente à vida e ao seu curso de evolução natural.
Surge então o bojo de nossa discussão: Imagine um Deus que evita acidentes de toda ordem: crianças que caem das escadas, telhados que desabam, automóveis que colidem, terremotos e outros mais. Sua interferência no campo das probabilidades, invadindo o percurso natural da vida, seria um desacerto ao seu propósito de criar o homem livre e com a capacidade inventiva, inclusive de prevenir acidentes. Mais ainda estaria o Criador limitando a sua Criatura, arrancando-lhe o livre-arbítrio e tornando-o um autômato. Livrar-se-ia da morte como finitude da existência temporal, todavia estar-se-ia eternamente escravizado pela Divina Vontade a um existir sem dor, todavia sem ventura.
De que adiantaria uma vida sem o inesperado, nem que ele nos seja muitas vezes adverso. De que importaria viver sem enxugar as lágrimas. Como seria de fato a vida indolor? Não haveria o inusitado, o abrupto. E o homem como se comportaria se imaginasse que o Criador, a todo tempo, poderia intervir na sua criação, mudando as peças, as personagens, como se estivesse jogando cartas.
Esse é o preço que pagamos pela liberdade. Deus nos criou e nos deu as ferramentas necessárias para que vivamos no anfiteatro da vida como autor de nossa história. Se ela muitas vezes é escrita pela dor, isso não é sobremaneira a negação da grandeza Divina. Ao contrário, só um Deus misericordioso é capaz de abdicar do seu poder para permitir que os homens sejam livres o suficiente para fazer escolhas.
muito interessante o texto.
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