Se dependesse do governo, o V Congresso do PT nem aconteceria. Mas a avaliação interna foi a de que o cancelamento também geraria especulações. Assim, a decisão foi realizar o encontro, mas tentar suavizar as eventuais críticas ao governo Dilma, em especial à política econômica do governo comandada por Joaquim Levy. A estratégia não deu certo. O tom do encontro foi mesmo o embate do partido com a política econômica do governo.
O assunto estava em todas as rodas e foi parar sem rodeios no discurso do presidente do partido, Rui Falcão, divulgado antecipadamente. "O PT não acredita no crescimento econômico que provoca recessão nem combater a inflação com juros escorchantes e desemprego de trabalhadores e máquinas". E atestou: "Para nós, é inconcebível uma política econômica que seja firme com os fracos e frouxa com os fortes".
Uns de forma mais clara, outros menos, integrantes do PT buscam uma forma de se diferenciar do governo Dilma, em particular da política econömica. Na proposta da Carta de Salvador, que estava sendo vista como um novo manifesto do PT, o partido tenta fazer uma inflexão mais à esquerda, sobretudo, nas questóes econômicas. "A esquerda sempre busca taxar os mais ricos", disse José Américo Dias, dirigente do partido.
Se apresentando como um partido socialista, o PT busca uma compensação à política econômica de Joaquim Levy. "Temos de mandar a conta para o andar de cima", completa Rui Falcão. Para os mais ricos, o PT quer mandar a conta do ajuste fiscal e passou a defender a volta da CPMF, o imposto sobre grandes fortunas e o imposto sobre herança.
As tendëncias mais à esquerda querem mais: imposto sobre lucros e dividendos que, segundo eles, levaria algo como R$ 300 bilhões por ano para os cofres públicos e o fim da compensação do cálculo de juros sobre capital próprio. Um esforço para arrecadar mais sem cortar despesas.
Do lado politico, o PT propõe agora à sua militância "uma nova coalizão orgânica e plural para formar uma maioria nacional" e fala também em um programa de reforma estruturais que, segundo proposta a ser debatida durante o encontro, "pressupõe a construção de uma frente democrática e popular de partidos e movimentos sociais, do mundo da cultura e do trabalho, baseado na identidade com as mudanças propostas para o período histórico em curso". O PT fala, agora, em uma frente popular, na qual teriam lugar os movimentos sociais que chama de "movimento de massas".
Na principal proposta em discussáo no encontro, o PT diz que as alianças da esquerda para o centro que sustentaram os governos petistas até aqui garantiram a governabilidade para aprovação de políticas publicas e estabilidade institucional. Sem dizer que já cumpriram seu papel, o partido recomenda a formação de uma nova frente e reconhece o que chama de equívocos por não ter feito a reforma política "e a democratização dos meios de comunicação".
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