O provérbio popular pode explicar a força do movimento nas previsões para o crescimento da economia em 2014: “água morro abaixo e fogo morro acima, ninguém segura”. A queda consecutiva nas expectativas para o PIB deste ano já acontece há 11 semanas e o indicador está agora em 0,81%, segundo a pesquisa feita pelo Banco Central com uma centena de analistas.
Cada uma dessas 11 semanas trouxe dados desanimadores sobre a força da atividade em vários setores. Até mesmo naqueles que têm apoio do governo, isenção de impostos, incentivo para vendas – como o setor automobilístico, que acumula perdas de 17,4% de janeiro a julho. Varejo e serviços também decepcionaram e provocaram revisões nas previsões de desempenho em 2014.
Para jogar mais água nessa ladeira, esta semana teremos dois indicadores que irão compor com mais nitidez o cenário do primeiro semestre do ano. Na próxima quinta, o IBGE divulga as vendas do varejo no mês de junho. As previsões variam em torno de uma alta de 0,5% comparado com maio. Em 12 meses, o setor deve ficar com desempenho abaixo de 4%.
As vendas durante a Copa do Mundo foram uma desilusão; a venda de carros então, de cortar o coração. Fazendo as contas do que viram até agora, os empresários do comércio refazem suas esperanças para o ano e temem que o varejo cresça 4,4%, raspando no desempenho de 2013, quando o setor cravou alta de 4,3%. Mesmo em 2009, quando passamos a parte mais chata depois da crise financeira mundial, o comércio cresceu 5,9%. Está certo que a taxa de juros vigente à época ajudou – estava em 8,75% e a inflação fechou em 4,31% naquele ano. É quase desleal a concorrência.
O gráfico mostra a evolução do varejo nos últimos 11 anos e não deixa dúvidas de que a era de ouro do comércio ficou para trás. A lista de culpados não é pequena: crédito mais caro, com juros maiores; inflação mais alta; confiança em queda – tanto dos empresários quanto dos consumidores. As pesquisas que questionam as perspectivas deles revelam que o céu não está para brigadeiro.
Para fechar a semana, o Banco Central coloca a cereja no bolo e divulga seu índice de crescimento de junho, o IBC-Br – também conhecido como “prévia do PIB”. Para o banco J.Safra, o índice deve vir negativo em 1,4%, segundo relatório enviado a clientes. O indicador já se “descolou” do cálculo do PIB feito pelo IBGE, ainda assim, ele se soma à todos os fatores e números da economia para a leitura do cenário e suas perspectivas.
Para adoçar este início de semana, pelo menos a inflação dá uma trégua. As previsões para 2014 caíram e apontam para um IPCA de 6,26%, se distanciando do temido teto da meta. Como muito doce faz mal para saúde, vale lembrar que a inflação no Brasil está alta e a meta (que também é alta) é de 4,5%.
por Thais Heredea/G1
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