Merval Pereira, O Globo
A judicialização da política trouxe nos últimos dias notícias nada alvissareiras, com a Justiça sendo usada de variadas maneiras para manter na vida pública políticos que a desonraram. Num dos casos, o do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, há filmes comprovando o recebimento de propinas.
Ele foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça do DF, juntamente com a candidata a deputada Jaqueline Roriz, mas ambos podem escapar da Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de políticos condenados por órgãos colegiados.
A interpretação da Justiça tem sido de que os políticos somente são impedidos de disputar uma eleição se a condenação ocorrer antes do registro da candidatura, cujo prazo final foi 5 de julho.
Outro caso também tem a ver com registro de candidaturas: o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar anulando a convenção estadual do PT paulista, porque o partido recusou a candidatura do deputado estadual Luiz Moura, acusado de ligação com facções criminosas em São Paulo.
Ele participou de uma reunião com membros do PCC no sindicato dos rodoviários, e não conseguiu explicar o que fazia lá. O passado de Luiz Moura o condena: preso por assalto à mão armada, fugiu da prisão e ficou foragido por 10 anos.
No retorno, conseguiu uma anistia dos crimes e entrou para a política. Hoje, possui postos de gasolina e participação em empresas de ônibus.
O efeito colateral da medida por si só demonstra sua total falta de realidade: a anulação invalida todas as candidaturas do PT no estado de São Paulo, não apenas dos deputados estaduais e federais, mas, sobretudo, a de governador, do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.
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