"O PT não teve dificuldades, na campanha eleitoral de 2002, de metabolizar a necessidade de manter as regras básicas da economia de mercado e não investir contra a ordem jurídica do país. Assim, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Carta ao Povo Brasileiro, afastou parte dos temores com sua chegada ao Planalto e, logo no primeiro ano de governo, permitiu a aplicação de terapias ortodoxas para estabilizar a economia.
Desde então, os políticos petistas dão demonstrações de intenso pragmatismo — até em excesso, no caso do exercício da política. Mas subsistem dogmas e interdições, principalmente quando se entra no campo das privatizações e cessão a grupos privados da exploração de serviços públicos.
Nesse sentido, merece aplausos o anúncio feito anteontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de mudanças no pacote de concessões de projetos na área de infraestrutura, uma das maiores carências nacionais.
O governo Dilma soube decifrar de maneira correta o fracasso no leilão, semana passada, de trechos de duas rodovias federais em Minas. É parte do imaginário do partido que empresários são seres gananciosos, interessados apenas em garantir a maior taxa de retorno possível, no menor espaço de tempo.
Desta vez, porém, o Planalto fez o certo: melhorou as condições do leilão das concessões, para torná-las atraentes. Se leilões fracassam, não é por ganância das empresas, mas devido à falta de condições que deem segurança a longo prazo aos investidores. Ninguém atua em segmentos da infraestrutura para amealhar fortunas de uma hora para outra.
Foi, então, aumentado de 20 para 25 anos o prazo do financiamento aos concessionários, ampliada de três para cinco anos a carência dos empréstimos, com juros mais baixos, e os contratos passaram de 25 para 30 anos."
Leia a íntegra em Bem-vinda revisão de um dogma
Fonte: O Globo
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