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NO MEIO DA CRISE, UMA NOTÍCIA BOA: UM TEXTO JORNALÍSTICO PARA FICAR NA MEMÓRIA

Resolvi transcrever, na íntegra, este artigo jornalístico publicado hoje no JORNAL GAZETA MERCANTIL, de autoria de Luis Grotera, porque o considero uma das melhores análises já escritas pela imprensa brasileira nos tempos de crise. Confira!!!
O mundo real agradece à crise
"Logo após o estouro da atual crise financeira, Nancy Pelosi (democrata e presidenta da Câmara dos Representantes norte-americano) mandou um verdadeiro torpedo para o mundo financeiro: "the party is over for Wall Street". O tal ‘mercado’ globalizado tinha virado um gigante cassino. De lá para cá, temos assistido um vagaroso e dolorido processo de reconstrução.
A última tentativa de manter o status-quo foi o imoral pagamento dos bônus aos gênios da AIG. Diante do sofrimento com a ditadura estabelecida pelos crupiês financeiros globais, a sociedade reagiu prontamente e confirmou a ordem da Sra. Pelosi: a farra acabou, babies!
Para o Brasil o timing dessa crise foi um verdadeiro desastre. Nunca os cenários macro e micro-econômicos assim como o global e o local estiveram tão sintonizados com uma clara indicação que teríamos mais 3 ou 4 anos de crescimento vigorosos. Experiência que desde a década de 70, com a ditadura militar, não tivemos o prazer de experimentar.
Uma sociedade sem crescimento adoece, os planos de vida perdem luz, o empreendedorismo desaparece e a insegurança (pessoal e social) domina. O oposto do que se via por esse país afora nos últimos 2 a 3 anos. O brasileiro comum estava feliz, voltando a ter planos na vida. Milhões adentravam a Classe C. E isso não se trata de mais uma estatística, mas sim de ver o sorriso estampado na boa alma desse povo fantástico que Deus colocou para dentro das linhas fronteiriças que separam o Brasil. Para quem ainda duvida da qualidade do nosso povo, basta dar uma olhadinha no que está acontecendo ao nosso redor geográfico. É simplesmente bisonho.
Por outro lado, parece um consenso entre as autoridades econômicas e formadores de opinião globais que o Brasil vai sair dessa proporcionalmente maior do que entrou. Isso também é uma forma de crescimento, embora a riqueza tarde um pouco mais a chegar. As perspectivas são boas, desde que a gerência da crise seja competente nesse último ano de Lula e, ainda mais, se considerarmos que o novo presidente (provavelmente Serra, mesmo no limite, Dilma), representará uma enorme chance de voltarmos a ter um país administrado de forma mais técnica, racional e com menor corrupção.
Temos uma fantástica experiência em crises. Some a isso que, pela primeira vez, vamos enfrentar uma crise vendo as coisas pelo lado de cima. Há confiança (talvez até esperança) no mercado brasileiro, nossas empresas estão proporcionalmente bem posicionadas. Em todas as ‘crises dos planos e moedas’ que passamos, nossa missão era sobreviver. Agora estamos na ofensiva. Quem sabe recuperaremos a década perdida em 90.
Presidentes de empresas e profissionais de marketing estarão arquitetando nos próximos meses decisões que terão reflexos diretos na atuação de seus negócios na próxima década inteira. Orçamentos ainda muito mais apertados, exigências por resultados de curto prazo, pressão de toda empresa por decisões conservadoras, nada deve subjugar a relevância da manutenção das intenções de médio e longo prazo.
Mais do que nunca teremos que nos dedicar a aumentar a eficácia das atividades de marketing. Pós-crise as áreas de marketing e comunicação ganharão ainda mais importância. Por um único motivo: a sociedade com quem vamos nos comunicar para fazer negócios será ainda mais exigente e sofisticada. Técnicas simples e eficientes de novos apelos de consumo através da simples sedução, terão baixo retorno. Quase tão importante quanto isso para boas relações entre o consumidor e a marca, serão os movimentos em defesa do meio- ambiente e de exigência de responsabilidade social por parte das empresas. Esse será o preço a ser pago pelo mundo dos negócios por toda farra da crise financeira. O mundo real agradece.
Aqui cabe uma reflexão sobre o comportado comportamento das empresas. As estruturas e os pensamentos vigentes em marketing e comunicação terão capacidade para enfrentar o que a mudança do mercado exigirá? Tenho dúvidas. Especialmente para a grande maioria das marcas que ainda atuam de forma antiquada. O momento é altamente favorável para se pensar fora da caixa. É preciso rever a importância estratégica desses temas dentro da empresa, o formato, os fornecedores, os sistemas de trabalho.
A nova relação com a sociedade de consumo exigirá ainda mais pluralidade e diversificação na comunicação. Isso significa que aumentar a integração entre os vários canais de comunicação que sua marca já utiliza, será uma necessidade ainda maior. Isso será mais fácil para as empresas que tenham um entendimento mais profundo sobre a importância da marca na sua gestão empresarial.
O sofisticado mercado de comunicação brasileiro oferece uma ampla oferta de opções para se arquitetar soluções estratégicas de comunicação diferenciadas, criativas e eficazes. Repense sua estratégia de marketing atendendo as necessidades de curto prazo, mas priorizando o quem vem pela frente. Redesenhe de uma forma profunda e abrangente a atuação da sua empresa para fazer sentido com os novos tempos.
Esse ano de 2009 nos trará desafios profissionais de grande excitação. No mínimo, será um ano inesquecível. "
Fonte: Gazete Mercantil

Comentários

  1. Muito boa a abordagem do "think outside the box" como construtor de um novo impulso capitalista no Brasil, embora não restrito somente às nossas terras. Estamos na era da inovação/informação. A velocidade é imensa. O marketing precisará desbravar novas fronteiras a fim de atender a tudo, a todos e por todo o tempo. Isso, claro, necessariamente não significa lhe retirar a simplicidade. É o contrário: adiciona-se complexidade. É a era do simples complexo.

    Tendo a acreditar, outrossim, que vivemos um pouco condicionados pelo devir histórico. Há "gerações" de grandes empreendedores. Na história empresarial dos EUA percebe-se isso bem claro: as eras Rockfeller/Ford/Carnegie ou Gates/Jobs. Houve concentração de "surgimento" de milionários e empresários de grande porte. Acaso? Quem sabe. Mas há evidências do devir. Essa consciência, exposta no início do artigo, é que nos deixa já nostálgico do período de bonança que não soubemos aproveitar a contento. Talvez, como o próprio autor escreve, haverá um governo provável do Serra ou Dilma, com uma perspectiva mais racional e eficiente dos recursos. Mas daí, mais uma vez, o devir está contra nós e... a bonança foi-se junto com Merryl Lynch, AIG, Lehman Brothers, subprime etc.

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  2. Comentário complementar:

    A imponência econômica de um país, no entanto, não se faz somente a partir da seara econômica. Aí chamo a atenção para a nossa responsabilidade, dos profissionais do Direito. Muitas vezes somos condicionados, pela formação precária e pelo deficiente currículum universitário a que estamos vinculados, a alimentar como nobres as excessivas e alongadas disputas judiciais. Somos levados a crer que o papel do advogado é estraçalhar e desfazer tudo aquilo que foi feito, somos alimentados numa pretensa dialética, que só se demonstra maléfica, ineficiente e perversa.

    Nos EUA, potência econômica aclamada, apesar de tudo, ocorre EXATAMENTE o contrário. A advocadia beligente das disputas judiciais é considerada uma "prática menor", vergonhosa. "Ir a juízo para garantir o Direito", frase tão comum em nossas terras, é considerado uma mera sobra do grande filão real que é a advocacia como ela deve ser, e assim é nos EUA.

    Qual a razão disso? A tradição jurídica do respeito aos contratos. Isso garante: 1) a segurança jurídica; 2) evolução da própria sociedade civil, que passa a regulamentar e mediar os próprios conflitos. Não existe nem nação plenamente desenvolvida, nem muito menos bonança econômica sem o respeito sagrado aos contratos, base real do Direito desde os idos romanos.

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