Não me parecem justas as críticas dirigidas à Igreja no episódio recente da menina de nove anos que era abusada sexualmente pelo padrasto e, como consequência, engravidou de gêmeos, vindo a sofrer um aborto provocado. Aqui não se discute o ato execrável praticado pelo padrasto, nem também a permissividade jurídica para a prática do aborto em situações dessa natureza, uma vez que a recitada conduta é albergada pelo nosso ordenamento pátrio.
Lanço luzes, na verdade, ao fato de a Igreja se posicionar contrária, mesmo em casos como o ora relatado.Embora pareça antiquada ou desarrazoada a reação da igreja católica, deve-se levar em conta que essa instituição milenar, fundada em bases dogmáticas, não agiu senão pela coerência. Seu compromisso pela vida e o entendimento de que a vida é um dom de Deus são princípios que fundamentam sua pedagogia e seria, no mínimo inusitado, a instituição defender a prática do aborto.
A sobrevivência da igreja é fruto da petrificação de seus dogmas, os quais se tornaram a rocha que assegura a sua sobrevivência ao longo dos séculos. Ao relativizar tais princípios fundantes, a igreja colocaria em risco a sua própria integridade e a força da palavra que anuncia.
Por isso, cabe-nos realizar um juízo de valor apurado para chegarmos, pelo livre-arbítrio que nos foi concedido, se essa atitude é correta ou não. Todavia, imaginar que um dia a igreja irá liberar o uso da camisinha, o aborto, seria exigir dessa instituição, não que pese situações justificáveis, o salvo-conduto para as práticas sexuais fáceis e descomprometidas.
Retomo o argumento de alguns comentários atrás: as instâncias não se confundem. Assim, concordo com o direito da Igreja de excomungar quem quer que seja, desde que ofenda aos pressupostos da moral canônica.
ResponderExcluirO que discordo veementemente é do caráter midiático que foi dado ao caso pela própria Igreja, que, à propósito, não excomungou o estuprador, talvez porque este seja condenado na Terra e salvo nos céus...
É uma questão delicada...
ResponderExcluirMas como um corpo delicado e frágil de uma criança de nove anos, suportaria toda essa "agressão"?? Tudo isso é muito triste!